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CHTP faz prestação de contas para os indígenas

dsc_0337Kariny Santos

A Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP), realizou nesta terça-feira 29, no auditório do Museu de História Natural de Alta Floresta, uma “Prestação de contas” para os povos indígenas de três Etnias que são impactados diretamente pelas obras da usina hidrelétrica, conforme os representantes da CHTP, que preferiram não dar entrevista, este momento é para demonstrar o monitoramento feito nas terras indígenas e projetos realizados, e esse foi uma exigência dos indígenas para a companhia continuar com os projetos e monitoramento.  “Esse momento é para a empresa hidroelétrica Teles Pires demonstrar o monitoramento e os resultados dos programas realizados dentro das terras indígenas, e a gente veio acompanhar e também monitorar e debater se esta conforme a realidade do que está acontecendo dentro das terras indígenas”, destacou Sandro Muduruku, 25 anos, membro da liderança da aldeia Teles Pires.

Segundo Sandro Muduruku, a hidrelétrica tem executado os programas e as medidas nas aldeias, porém que não chegam nem na metade da necessidade dos indígenas da região. “Eles tem programas de compensação mas jamais chega nem a 20% para combinar com a realidade, como por exemplo a compensação por impactos ambientais, os programas de informática, oficinas de capacitação, isso não chegou ao 100% para capacitar os indígenas e todos os programas realizados por eles não compensa a realidade da região”, pontuou.

dsc_0323Conforme o Vice – Cacique da comunidade indígena Mayrowi, Ivenaldo Paleci Apiaka, 38 anos, o que mais preocupa os povos indígenas da região, onde cerca de seis aldeias são impactadas diretamente pelos empreendimentos hidrelétricos na região, são especialmente na alimentação e qualidade de vida dos povos indígenas. “O que vem nos preocupando tanto na comunidade Mayrowi, quanto das comunidades vizinhas, dos parentes, é a questão do impacto ambiental, os impactos no rio, a poluição muito grande, as mortes dos peixes que vem ocorrendo muito hoje e que são fatos que eu visualizo como liderança que a própria empresa CHTP eles tentam esconder estas imagens destas situações que a gente vem passando”.

Para o Vice Cacique esse é um momento de os povos indígenas recorrerem e exigirem seus direitos e melhorar suas vidas que foram impactadas. “Se uma empresa que vem fazer essas obras do lado das comunidades indígenas tem que ter as compensações, estamos reivindicando nossos direitos por estarmos sendo impactados”, destacou.

No final da última semana um manifesto dos índios da Etnia Kayabi tomou repercussão nacional, após alguns funcionários da hidrelétrica Teles Pires serem feitos reféns na aldeia, conforme o Cacique da Aldeia, São Benedito, Eroit Kayabi, 49 anos, o manifesto foi organizado pelas mulheres da tribo, onde as “Guerreiras” indígenas exigem da hidrelétrica um posicionamento para a conclusão de algumas obras que estão sendo realizadas no interior das aldeias. “Muitas coisas estão acontecendo, as guerreiras se revoltaram com a demora das obras, e muitas outras coisas e principalmente com a situação do nosso rio, onde recente teve um vazamento no rio e muito óleo foi derramado na água e não tem mais condições de tomar desta água, não tem mais como pegar peixe e onde eles se revoltaram e fizeram o manifesto, ficou alguns funcionários lá retidos, por mais ou menos duas a quatro horas, mas a gente liberou eles e não foram mal tratados”.

Conforme o Cacique algumas obras estão sendo realizadas no interior das aldeias e tem previsão de entrega até o dia 15 de dezembro, e se o prazo não for respeitado novos manifestos devem ser realizados. “As guerreiras deram um prazo para os funcionários, para as soluções, tem algumas obras sendo feitas como farinheira, alojamento, posto de saúde que era para ser entregue amanhã e não sei se vai cumprir, os funcionários garantiram que seria feito a entrega amanhã dia 30, e a farinheira seria entregue dia 15 de dezembro, se eles cumprir essas datas que deram não vai haver manifesto, mas se não cumprir vai ser feito outro manifesto que vai valer mesmo”, destacou.

Conforme os funcionários da empresa ao longo da semana serão realizados reuniões internas entre os povos indígenas, FUNAI e a hidrelétrica para tirar as dúvidas dos indígenas.

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