Em meio a carros de som que tocavam de funk a sertanejo, em frente à Praça Oito de Abril, cerca de 15 jovens protestavam, na noite de terça-feira (17), contra o que o grupo classifica como “Copa para elite”.
Os estudantes, quase todos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), integram o Comitê Popular da Copa, que existe desde 2011 nas cidades-sedes da Copa do Mundo no Brasil.
O grupo, ainda que pequeno, divulga suas pautas por meio do Facebook, panfletagem nas principais avenidas de Cuiabá e intervenções culturais, como a que fizeram na praça em frente ao Choppão, logo após o jogo da Seleção Brasileira contra o México.
“Queremos fazer a população questionar situações como, por exemplo, o fato de ter Copa no Brasil, enquanto pessoas morrem na periferia todos os dias, os professores estão em greve, os metroviários e garis também e não há investimento nas questões sociais”, disse a estudante de Ciências Sociais, Giulia Medeiros, de 22 anos.
A estudante explicou que o grupo não desmerece os jogos da Copa, pois, segundo ela, a questão já faz parte da “cultura brasileira”. O problema, observou, está na forma como o torneiro foi trazido ao Brasil pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).
“A Fifa, que é uma empresa que extrai lucro, explora os trabalhadores. Vemos como exemplo os operários que morreram durante a construção dos estádios. Por um lado, vemos que a Copa é importante como manifestação cultural, por outro, vemos que os prejuízos que o evento traz são grandes”, disse.
A estudante acredita que o evento tem como público, apenas, turistas e a classe média-alta brasileira, deixando de lado a população mais pobre e fazendo a chamada “higienização social” das ruas das cidades-sedes.
“A ideia é fazer essa mobilização ampla, de forma a atrair a população para essas indignações e fazê-los questionar para onde está direcionado o interesse em trazer a Copa para o Brasil. A população não está incluída nesses interesses, isso já ficou claro. O Amarildo sumiu, a Cláudia sumiu, vemos a repressão aumentando cotidianamente nas periferias, então sabemos que essa Copa não é do povo”, afirmou a estudante.
Para o estudante de Psicologia, Henrique Araújo, de 21 anos, não se pode colocar as obras desenvolvidas pelo governador Silval Barbosa (PMDB) entre os possíveis benefícios trazidos pela Copa para Cuiabá.
“É muita cara de pau falar que as obras são benefícios da Copa. Essas são obras que já deveriam ter sido feitas há alguns anos. O que nós vemos é que com a Copa essas obras foram feitas de forma apressada, muitas já com problemas por causa da má qualidade e ainda abrindo espaço para desvio de verba e todo tipo de corrupção”, afirmou.
De acordo com o estudante, o Comitê busca conscientizar os cuiabanos sobre o que eles classificam, também, como a “verdadeira face da Copa do Mundo”.
“Essa Copa está sendo feita para beneficiar as classes dominantes e grandes empresários, em detrimento da população”, disse.
Atos e projeções
Durante o ato de terça-feira, os estudantes projetaram, em uma das paredes de um prédio ao lado do Choppão, frases como “Copa, para que(m)?” e “Fifa vá para casa”.
“Fizemos uma atividade de intervenção cultural, com batuques, palavras de ordem, conversamos com a população na praça e apresentamos as pautas de mobilização”, explicou Henrique Araújo.
Agora, o grupo planeja, para o próximo sábado (21), um festival cultural na quadra ao lado da sede da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo(Secopa), no bairro Goiabeiras.
Nesse dias, a Arena Pantanal terá mais uma partida da Copa do Mundo: Bósnia x Nigéria, às 18h.
DOUGLAS TRIELLI
MIDIANEWS