A Justiça marcou para esta terça-feira, 17 de dezembro, às 14h, o julgamento da tenente Izadora Ledur por maus-tratos ao ex-aluno Maurício Júnior dos Santos, durante um treinamento do Corpo de Bombeiros realizado em 2015 na Lagoa Trevisan, em Cuiabá. A acusação, apresentada pelo Ministério Público, relata que a militar submeteu o aluno a intensos sofrimentos físicos e psicológicos durante uma aula de salvamento aquático.
Essa é a segunda denúncia contra a oficial envolvendo abusos durante treinamentos. Ledur também foi responsabilizada pela morte do ex-aluno Rodrigo Claro, em 2016, após um treinamento. Na ocasião, o crime foi considerado maus-tratos, mas a pena de um ano de prisão acabou sendo considerada prescrita pela Justiça.
De acordo com a denúncia, Maurício participava do 15º Curso de Formação de Soldados do Corpo de Bombeiros e teria sido vítima de agressões físicas e verbais enquanto realizava um exercício de natação na Lagoa Trevisan como parte das atividades práticas do curso. Durante o treinamento, o aluno começou a ter câimbras e pediu ajuda, mas Ledur teria determinado que ele fosse deixado para trás.
Testemunhas relataram que a tenente usou uma corda de boia ecológica para submergir o aluno diversas vezes, em uma suposta tentativa de punição. O documento do Ministério Público afirma que ela teria dito frases como: “Você está louco? Aluno encostando em oficial.”
Após os episódios, Maurício desmaiou, vomitou grande quantidade de água e foi levado para atendimento médico, onde foi constatado que ele sofreu exaustão física e mental severa. O prontuário médico aponta “esforço físico desgastante, desmaio, vômitos, tremores e dor torácica”. O aluno abandonou o curso após o incidente.
DEFESA NEGA MAUS-TRATOS
Nos autos, a defesa de Ledur pede a absolvição sumária da tenente e o arquivamento do processo. A defesa argumenta que o aluno teria omitido informações sobre seu estado de saúde, incluindo hipertensão e o uso de medicamentos controlados.
Segundo a defesa, Maurício teria condições de realizar os exercícios físicos do curso, mas sofria de limitações decorrentes de sua condição médica pré-existente.
“O que ocasionou o cansaço, câimbras e forte dor de cabeça à vítima durante a travessia da Lagoa Trevisan foram as circunstâncias de doença pré-existente – hipertensão arterial e utilização de medicamento anti-hipertensor”, afirmou Rolim.
Além disso, o advogado sustenta que o aluno tinha um desempenho insuficiente no curso e queria desistir, sendo incentivado por colegas a continuar.
“As palavras da vítima precisam ser analisadas com total reserva”, concluiu.
Redação | Estadão Mato Grosso