Mato Grosso tem quase 9 mil alunos da educação especial matriculados em escolas regulares da rede estadual de ensino. Outros 536 estudantes com deficiência, que não estão aptos a participarem dessa inclusão, são atendidos em unidades especializadas, também estaduais. A política pública de educação inclusiva existe desde 2008 e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) elabora um novo texto para atualização das diretrizes.
A Seduc prioriza a inclusão dos alunos com deficiência nas escolas que funcionam de forma regular, explica a técnica pedagógica da Coordenadoria de Educação Especial da Seduc, Criseida Rowena Zambotto de Lima, doutora em Estudos de Linguagem.
“A partir do momento em que os estudantes convivem, começam a aprender as potencialidades um do outro, deixa de existir aquele olhar só para a deficiência. A deficiência é uma questão identitária, mas não é uma questão limitadora para inclusão”, disse.
Criseida também explica que, por se tratar de um ensino bastante individualizado, que deve atender a diferentes necessidades dos estudantes com deficiências, as escolas devem comunicar a Seduc quais as demandas em relação ao ensino, reforçando que não cabe à secretaria determinar o que cada unidade escolar vai fazer.
“Se aquele aluno precisa de uma apostila aumentada, se ele precisa de uma fonte 28, se é em braile, se é em material auditivo por meio de leitores, se é por meio de quaisquer outras tecnologias, mesmo que sejam impressas. Quem vai saber disso é aquele profissional que atende especificamente o aluno”, reforçou.
Impacto pandêmico
Assim como outras modalidades de ensino, a educação especial também sofreu os impactos da pandemia. Um deles foi convencer as famílias de que os estudantes seriam capazes de desenvolver as atividades propostas, além de pensar em materiais de apoio para isso.
“Temos uma rede. E quando a família tem um estudante que é público-alvo da educação especial, precisa de uma rede de apoio ainda maior. É muito difícil pensar em educar uma criança regularmente e ensinar – os pais não estudaram para aquilo, não sabem as estratégias, os modos diferentes de aprender, as metodologias. Então, a família ficou um pouco receosa mesmo”, disse.
Outro impacto, apesar de menor, foi a queda na quantidade de matrículas. Foram cerca de 500 a menos em relação ao ano anterior.
“Ainda há desafios, principalmente em relação à busca ativa desses estudantes. Tivemos uma pequena perda, até achamos que fosse maior este ano. Mas durante o período de matrícula, que se estendeu por um período maior do que o comum, a gente ainda tem alunos da educação especial sendo matriculados”, explicou Criseida.
Para os estudantes matriculados nas escolas que têm salas de recurso multifuncional, as atividades ocorrem no contraturno – além de serem atendidos pelos professores da sala regular, também recebem atendimento de profissionais que são professores com formação específica na área da educação especial.
Criseida também destaca que, neste momento, como não estão ocorrendo aulas presenciais, não há a presença dos auxiliares de turma – profissionais que acompanham os estudantes que precisam de ajuda para se locomover, para fazer a própria higienização, entre outras necessidades. Quando o ensino híbrido for retomado, os auxiliares farão o atendimento normalmente.
“Assim que as aulas presenciais voltarem, os estudantes serão atendidos, como é de direito, porque nós seguimos o que está nas convenções, nos estatutos, na nossa própria legislação estadual que determina qual o tipo de atendimento adequado para esses estudantes”.
Carolina Holland Seduc-MT