A história da antiga Metalúrgica Nossa Senhora Aparecida, hoje pertencente à Gerdau, está próxima do fim. A unidade de Sorocaba, instalada na margem esquerda do rio Sorocaba, em ponto considerado nobre, deve ser desmontada a partir de setembro, e a produção transferida para outras plantas da empresa. Por meio de assessoria de imprensa, a Gerdau confirma o fechamento e alega que as complexidades do setor de aço no País é que justificam essa medida, o que impõe a necessidade de otimizar sua produção. O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (Smetal), no entanto, afirma que quer mais explicações e teme que a especulação imobiliária, interessada na boa localização da fábrica, seja a responsável por colocar fim aos cerca de 160 postos de trabalho da unidade.
O anúncio do encerramento das atividades surpreendeu o presidente do SMetal, Ademilson Terto da Silva, que deve obter mais informações hoje, em reunião com representantes da empresa. “Esse comunicado da Gerdau sobre o fechamento em setembro causou estranheza para nós”, diz. As explicações da empresa, de acordo com ele, não esclarecem o fato. “Alegaram que o fechamento da empresa ocorre porque o produto que eles fazem, aços especiais, tem um custo muito alto, o que tornou sua produção inviável”. Na reunião de hoje, Terto afirma que vai procurar mais respostas a respeito dos motivos que levaram a Gerdau optar pelo fechamento desta unidade.
“Nós vamos procurar respostas, porque aquela região ali, ao lado direito da marginal, é alvo de muita especulação imobiliária desde 1996”, revela o presidente do Smetal. Segundo ele, muitos boatos surgiram nos últimos anos sobre a instalação, no local onde fica a empresa, de shopping centers, supermercados e condomínios. “Eu acredito que possa ser algo nesse sentido, porque a proposta do prefeito (Antonio Carlos Pannunzio) durante a campanha é de que ali virasse um parque ou empreendimento”, lembra.
O objetivo do SMetal, conforme Terto, vai ser lutar pela manutenção da fábrica e de seus 160 postos de trabalho. “A empresa tem história dentro da cidade, tem 70 anos, e, antes, era a Metalúrgica Nossa Senhora Aparecida, depois Villares, e não pode simplesmente anunciar o encerramento das atividades sem o sindicato questionar os motivos”, ressalta o presidente do sindicato.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa ao jornal Cruzeiro do Sul, “a Gerdau confirma que está transferindo, a partir de setembro, a produção do laminados da unidade de Sorocaba para outras unidades”. Porém, a empresa não respondeu às questões sobre o destino da área e se haverá demissões de funcionários.
Conforme o comunicado, a maior parte da produção local será repassada para a usina de Mogi das Cruzes. “A decisão de transferir a produção de laminados de Sorocaba se deveu à necessidade de otimização das atividades das operações da Empresa no segmento de aços especiais, frente ao complexo cenário vivenciado pela indústria do aço no Brasil e no mundo.” A despeito dessa mudança, a Gerdau afirma que o atendimento ao mercado seguirá sendo realizado normalmente.
História
A fábrica onde atualmente funciona a Gerdau foi fundada em 30 de abril de 1937 por Luiz Pinto Thomaz, conforme informações da comunidade Amigos da Villares, na internet. À época, era denominada Metalúrgica Nossa Senhora Aparecida e produzia ferramentas agrícolas.
Em 1940, o proprietário expandiu a empresa, instalando o primeiro forno para produzir aço e também os dois primeiros trens laminadores. A parte de alta liga, com linhas de fabricação em Sorocaba e Sumaré, passou ser denominada Villares Metals S.A. em 1996.
Fonte: Anderson Oliveira/Cruzeiro do Sul