Pelo menos 420 quilos de cocaína foram apreendidos pela Polícia Federal, na terra indígena de Marãiwatsédé, região nordeste de Mato Grosso, no município de São Félix do Araguaia, a 1.159 km de Cuiabá. O entorpecente foi apreendido na quarta-feira (10), mas encaminhado pelos agentes somente nesta quinta (11) para a delegacia da PF, em Barra do Garças.
A droga foi encontrada durante um patrulhamento dos agentes federais, que teriam avistado uma aeronave de pequeno porte sobrevoando a área. Na ocasião, os policiais seguiram em direção ao local, onde supostamente o avião poderia ter pousado e encontraram uma pista de pouso, ao redor da terra indígena, com rastros de que teria sido recém utilizada pela aeronave.
“No momento em que os policiais chegaram só foi possível constatar por rastros na pista que ela tinha recentemente utilizada, mas a aeronave já não se encontrava no local”, relatou o delegado federal de Barra do Garças, Marcelo Xavier. Os agentes realizaram diligências nas proximidades da pista e constataram que uma mata havia sido recentemente desmatada, abrindo uma clareira. No local, encontraram a droga embalada e distribuída em vários sacos plásticos amarrados com fitas.
Ninguém foi preso. O delegado Marcelo Xavier disse que vai investigar a origem do entorpecente e os envolvidos no crime.
Desocupação
A terra indígena de Marãiwatsédé foi alvo de disputa entre União e posseiros, que questionavam a ocupação tradicional indígena da área, ao longo de 20 anos. Em 2012, a Justiça federal expediu mandado de desintrusão judicial, determinando a retirada de todos os não-índios que haviam formado uma verdadeira comunidade agrícola no local durante os anos de embate judicial.
Os produtores locais afirmavam compor uma população de até 7 mil pessoas e detinham um verdadeiro projeto de cidade para o local, um distrito com planos de loteamentos inclusive, sob o nome de “Estrela de Araguaia”. Quando da assinatura da ordem de desintrusão, foi necessário o trabalho em conjunto das polícias Rodoviária Federal, Federal e da Força Nacional de Segurança, com apoio logístico do Exército, para retirar as famílias e destruir as construções.
Um princípio de confronto chegou a ocorrer, mas a decisão da Justiça acabou sendo cumprida em abril e a terra foi entregue novamente aos xavantes, que, devido à tensa convivência com os não-índios, até então limitavam-se à área de uma aldeia a cerca de 20 km do Posto da Mata.