A Câmara Municipal de Vereadores de Alta Floresta lançou nesta terça-feira (25.01) nas redes sociais e em seu site oficial a Campanha “Não Esqueça da Hanseníase” com o objetivo de conscientizar a população sobre as formas de transmissão, os sintomas e o tratamento da doença.
Com esta campanha, o Poder Legislativo cumpre a Lei Municipal nº 2.575/2020 que instituiu a Semana Municipal de Combate à Hanseníase no município de Alta Floresta. A data faz parte do calendário oficial de eventos do município sendo marcada por eventos organizados pelo poder público sempre na última semana do mês de janeiro. A lei também definiu o Dia Municipal a ser comemorado no dia 31 de janeiro.
A Campanha realizada pela Câmara Municipal evidencia ações educativas sobre a doença, as políticas públicas e ações que visam a prevenção, explicações sobre a doença, seus sintomas, tratamento e combate a proliferação.
Como forma de dar mais evidência nas ações, o Poder Legislativo confeccionou flyers que serão distribuídos nas unidades de saúde do município com informações sobre a hanseníase.
O objetivo do Poder Legislativo é conscientizar crianças, adolescentes, jovens e adultos sobre a importância da detecção precoce dos sintomas e a necessidade do tratamento.
A Lei 2.575/2020 também prevê que por se tratar o mês de janeiro período de férias escolares, as ações poderão ser trabalhadas durante o ano letivo. Desta forma todas as instituições de ensino do município, independente do público atendido, deverão a temática em seu plano de trabalho, bem como, deverão realizar as discussões referentes ao mesmo com sua comunidade escolar.
Hanseníase
O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para a Índia. Pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que em 2017, enquanto o Brasil teve 26.875 casos, a Índia teve 126.164. Na última década, foram registrados cerca de 30 mil casos novos por ano no Brasil.
O pico da doença no território brasileiro foi observado em 2003, com 51.941 casos. Por isso, em 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e consolidou a cor roxa para campanhas educativas sobre a doença no país.
O maior número de casos ocorre nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, enquanto o Sudeste e o Sul ocupam o quarto e o quinto lugares, respectivamente. Em Alta Floresta, atualmente encontram-se em tratamento 46 pessoas, sendo 3 crianças.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae) que apresenta características peculiares. Uma delas é que todos os brasileiros, por morarem em um país endêmico, têm contato com ela ao longo da vida. Ela tem alto poder de infectar, mas, por outro lado, a maioria das pessoas é muito resistente à doença. Então, um pequeno percentual das pessoas é que pode realmente ficar doente com a hanseníase.
Também dentro desse pequeno percentual, a apresentação clínica vai variar conforme a resistência que a pessoa tenha à doença. As pessoas mais resistentes mostram formas mais brandas. O bacilo da hanseníase apresenta grande afinidade com dois órgãos: a pele e os nervos periféricos. O sistema nervoso periférico se refere às partes que estão fora do sistema nervoso central, isto é, fora do cérebro e da medula espinhal.
A hanseníase é passada de uma pessoa que tenha uma forma transmissível da doença e não esteja em tratamento, para outra pessoa. Essa doença é passada pela via respiratória. Respirando naquele mesmo ambiente, você tem mais risco de contrair a doença. Geralmente em ambientes pouco ventilados e aglomerados, o risco de contágio é maior.
Uma curiosidade que dificulta o controle da doença é que a incubação longa. Isso significa que a partir do momento em que a pessoa entra em contato com a bactéria, só vai ficar doente cerca de sete a oito anos após. A hanseníase se manifesta na pele pelo aparecimento de manchas brancas ou vermelhas e de lesões vermelhas altas denominadas placas ou infiltrações. Essas lesões se caracterizam por terem a perda da sensibilidade, porque a bactéria tem uma afinidade grande pelos nervos periféricos.
O diagnóstico precoce é muito importante e crucial para o controle da doença. Se a pessoa procurar logo atendimento médico e tomar a medicação ela fica bem. Mas se o paciente deixa a hanseníase evoluir, os antibióticos não têm o poder de reverter o dano neural. As manchas vão diminuir, o doente não vai contaminar mais pessoas permanecendo estacionada no organismo, mas o dano neural que houve até aquele momento não será mais revertido. Essa pessoa vai exigir orientação e acompanhamento de uma equipe de neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais para poder atuar no seu meio ambiente sem se lesionar para não ficar incapacitado.
O ideal, segundo os especialistas, é que o diagnóstico seja feito em uma fase bem precoce em que ainda não haja o dano neural. Com diagnóstico e tratamentos tardios, há risco de graves sequelas, como deformidades e incapacidades físicas irreversíveis.
As pessoas ainda têm grande desconhecimento da hanseníase, também conhecida como lepra. Por este motivo, a Câmara Municipal de Alta Floresta promove esta campanha “Não Esqueça da Hanseníase” dentro do contexto do Janeiro Roxo para chamar a atenção da população para o problema e informar que hoje o tratamento é supereficaz. Não há necessidade de a pessoa ficar reclusa, como ocorria com os antigos portadores de lepra, ou leprosos, que eram isolados compulsoriamente do restante da população.
Para o controle da doença é importante também que as pessoas que tiveram contato mais próximo com o paciente sejam examinadas para ver se apresentam alguma lesão que não foi ainda percebida.
LINDOMAR LEAL
Assessoria de Imprensa