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Índios invadem acampamento da São Manoel e só saem para reunião com Funai na quarta

Indios reprodução2

Da redação

Cerca de 200 índios das aldeias Kayabi, Munduruku e Apiaká invadiram no início da noite desse sábado o alojamento da Usina São Manoel, localizado à margem do rio Teles Pires (lado paraense) e pretendem ficar por lá até a próxima quarta-feira, 19, quando acontecerá uma reunião com a presença do presidente da Funai – Fundação Nacional do Índio, Franklinberg Ribeiro de Freitas e representantes estaduais. A reunião ocorre na localidade conhecida como Kururuzinho e o presidente da Funai já teria confirmado a sua presença. As reivindicações foram repassadas em cartas encaminhadas à Funai pelos povos indígenas.

Segundo informações obtidas pela reportagem do O Diário, os índios chegaram tensos e “prontos para guerra”, mas a equipe de segurança da São Manoel fez a contenção e acalmou-os, ao mesmo tempo que garantiu a segurança dos trabalhadores alojados. A situação neste momento é tranquila, mas os registros fotográficos obtidos pela reportagem mostram que a tranquilidade é aparente, o clima é tenso.

Durante toda a semana que passou, os povos indígenas reuniram-se para elaborar cartas reivindicatórias que foram enviadas ao presidente Franklinberg Ribeiro de Freitas.

Dentre as reivindicações estão as discussões em torno de regularização das terras indígenas Kayabi e homologação das terras indígenas Saw Remuybu e Pontal dos isolados. Na carta os índios reconhecem a importância das usinas para o país, mas reclamam da falta de prioridade para os interesses dos índios.

Em um dos documentos (são três, um direcionado ao presidente da Funai, um ao líder indigenista cacique Raoni Kayapó e outra “aberta”) os índios explicaram a ocupação da Usina São Manoel aonde confirmam que são em torno de 200 índios entre “caciques, mulheres, pajés, lideranças, guerreiros e crianças”, aonde afirmam representar 138 aldeias Munduruku.

Eles explicam que a ação foi encaminhada durante um encontro de mulheres indígenas realizado no mês de maio deste ano na aldeia Santa Cruz no município de Jacareacanga (PA). “Os principais problemas discutidos durante este encontro foram causados pelas construções das hidrelétricas de Teles Pires e São Manoel”, afirmam no documento.

Os índios reclamam que os locais sagrados foram violados ou destruídos. “Os nossos locais sagrados Karobixexe e Dekuka’a foram violados ou destruídos. Nossos ancestrais estão chorando segundo nossos pajés. Os nossos rios Teles Pires e Tapajós estão morrendo”, denunciam, ao mesmo tempo que lembram que os direitos dos índios estão garantidos pela Constituição Federal do Brasil e “passaram a exigir depois de muito sangue indígena ter sido derramado”.

No mesmo documento, os índios fazem menção ao “parente Adenilson Krixi Munduruku, assassinado em novembro de 2012 pela Polícia Federal na aldeia Teles Pires durante a Operação Eldorado. Queremos Justiça”, clamam.

O documento é finalizado com uma ameaça, “queremos que nossas pautas e reivindicações sejam atendidas e não sairemos daqui enquanto isso não aconteça”.

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