A campanha política estadual deste ano acontece em duas “arenas” distintas. Uma das arenas é aquela que é vista aos olhos do cidadão comum, inclui a campanha corpo a corpo, as reuniões, comícios, distribuição de panfletos, folhetos, santinhos, capetinhas e até a propaganda em TVs e rádios e jornais. Esta campanha é bacana, porque nela o candidato pode apresentar suas ideias e propostas e ser avaliado pelo que fez, pelo que faz e pelo que pode fazer (não necessariamente na mesma ordem, nem todas as situações ao mesmo tempo) em prol à sociedade matogrossense. Essa é uma “arena” salutar e por onde deveriam passar todas as campanhas eleitorais. Mas não é bem assim.
Bem longe dos olhos do cidadão comum, acontece a campanha política judicializada. Com lei própria e marcha processual diferenciada, a justiça ganha uma celeridade não vista em qualquer outro setor, nem mesmo na justiça trabalhista. Arriscaria dizer que nem as medidas de urgência são tão céleres quanto a justiça eleitoral. Num prazo curtíssimo, os tribunais regionais têm que emitir decisões rápidas para que campanhas não sejam prejudicadas, nem que o eleitor fique sem saber em quem votar. Como na justiça brasileira existe a possibilidade de você recorrer em caso de descontentamento com alguma decisão proferida, eis que o TSE Tribunal Superior Eleitoral concentra todas as decisões de recursos, de todos os estados brasileiros e o Distrito Federal. Ainda assim a justiça é rapidíssima. Menos mal.
Então, este campo de batalha eleitoral tem um grau de importância monumental, deveria ser utilizado pelos candidatos para discutir coisas realmente importantes, certo? O senador Pedro Taques foi ao judiciário para tentar impedir que a propaganda política do candidato José Riva fale sobre o seu envolvimento, como investigado, na operação Ararath e ainda mais, para que Riva se abstenha de dizer em seu programa que ele, Taques, não quer autorizar a quebra de seu sigilo bancário para o pleito.
Duas coisas, primeiro, negar a quebra de sigilo bancário é uma atitude absolutamente pessoal e precisa ser respeitada, se Taques não quer abrir mão das suas informações bancárias, elas não serão acessadas por ninguém. O problema é que estamos em pleno processo eleitoral e ele, do mesmo jeito que vive insinuando que todos os concorrentes são, de alguma maneira pessoas não muito probas no sentido político, não poderá proibir, nem por força do judiciário, após decisão do TRE, que se coloque em duvida os motivos pelos quais não queira abrir seu sigilo bancário.
A outra situação, quanto ao suposto envolvimento no esquema fraudulento que a Polícia Federal apura, e que segundo Riva, Taques é um dos investigados da operação Ararath (praticamente toda a imprensa noticiou amplamente seu “envolvimento” na primeira fase da operação, inclusive com transcrição de telefonema). Ainda bem que a justiça negou esse “cale a boca” que Taques tentou dar contra seu oponente.
Me faz lembrar de um caso que aconteceu aqui em Alta Floresta, nos últimos anos da administração da ex-prefeita Maria Izaura Dias Anfonso, hoje candidata a deputada estadual no mesmo grupo de Taques, onde ela, na época, era investigada juntamente com vários membros da sua administração, por supostas irregularidades, desvios de conduta, dinheiro, licitações fraudulentas, dentre outras. A cada vez que o vereador Emerson Machado falava na Tribuna que MIDA era investigada por formação de quadrilha, o líder na Casa, na época, Militão ia pra tribuna e dizia que era mentira. A própria investigada deu inúmeras declarações em emissoras de rádio e TV dizendo que era mentira do vereador Emerson, até que um dia, na Câmara de Vereadores, ela “se obrigou” a assumir que era mesmo investigada, mas isso depois de ter negado por quase um ano.
MIDA entendeu (acho que entendeu) que chamar os outros de mentiroso e dizer que não era investigada (o que no fundo era uma mentira), era uma ação desnecessária, afinal, uma hora o documento da polícia iria aparecer, como de fato apareceu, como de fato MIDA e um grupo de parceiros seus são investigados por formação de quadrilha.