O ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Éder Moraes (PMDB), completa nesta semana dois meses de prisão no Distrito Federal. Ele foi preso em Cuiabá no dia 20 de maio durante a quinta fase da operação Ararath, da Polícia Federal (PF), que investiga um esquema de fraudes e crimes financeiros que teria o ex-membro do alto escalão no Poder Executivo estadual como principal operador político.
Éder está na carceragem da Papuda por força de dois mandados de prisão preventiva expedidos por conta dos indícios de sua participação no esquema apurado pela PF, cuja investigação integra também uma força-tarefa da Procuradoria-Geral da República (PGR) e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso.
Apesar de um dos mandados ter sido revogado, o segundo continua em vigência; o intuito da manutenção da prisão é evitar que o ex-secretário atrapalhe as investigações ainda em andamento. Contra a medida, a defesa do ex-secretário já tentou quatro medidas judiciais para obter sua soltura, mas sem sucesso até agora.
Ex-secretário da Casa Civil, ex-secretário de Fazenda, ex-secretário da Copa e ex-presidente do MT Fomento, Éder é apontado nas investigações como o articulador de um esquema de transações financeiras ilegais, sob forma de empréstimos, a partir de um banco clandestino operado pelo empresário Gercio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça.
Ao longo dos mandatos do hoje senador Blairo Maggi (PR) e do atual governador Silval Barbosa (PMDB) à frente do governo estadual, o esquema teria movimentado cerca de R$ 500 milhões. O dinheiro atenderia os mais variados interesses nas três esferas do poder local, segundo os inquéritos da PF; teria servido para a compra de vaga para conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e até para financiamento de campanhas políticas.
Depoimentos na Justiça
Também investigado, o empresário Júnior Mendonça entrou no programa de delação premiada do MPF. Além de embasar a atividade da PF durante a operação Ararath, ele atualmente serve como principal testemunha de acusação nos processos judiciais provocados pelas investigações.
No último dia 3, depôs na fase inicial de instrução de um desses processos, que visa responsabilizar Éder Moraes e outras três pessoas por crimes financeiros, lavagem de dinheiro e fraudes.
Além do ex-secretário, são réus sua esposa Laura Tereza Dias da Costa, o superintendente regional do BicBanco, Luiz Carlos Cuzziol, e o ex-secretário-adjunto do Tesouro do estado, Vivaldo Lopes.
Depois do depoimento de Júnior Mendonça, a instrução do processo, que corre na 5ª Vara Federal em Cuiabá, deve ter prosseguimento com os depoimentos das testemunhas arroladas pelas defesas dos quatro réus. As audiências estão marcadas para os dias 24, 25 e 31 de julho e 1° de agosto.
Éder Moraes acompanhou o depoimento de Júnior Mendonça na Justiça por videoconferência, direto do Distrito Federal, no último dia 3. Agora, ele deve acompanhar as audiências das testemunhas de defesa pessoalmente na capital. São seis pessoas arroladas para depor em favor de Éder, entre elas o governador Silval Barbosa e o ex-governador Blairo Maggi.
Segundo já anunciou o advogado Fábio Lessa, um dos que atuam em sua defesa, a previsão é de que ele chegue a Cuiabá escoltado pela PF no dia 23 e permaneça até o fim desta fase da instrução processual. A Justiça Federal não divulgou as datas em que cada testemunha arrolada deve depor.
Fonte: G1