No “Tiro e Queda” de hoje, um comentário sobre a volta do futebol em plena lina ascendente da Covid 19
Quem é mais próximo a mim, sabe o quanto eu gosto de esportes, especialmente do futebol. Quem me acompanha com um pouco mais de proximidade, sabe que sou fervoroso torcedor do Corinthians, o quanto comemoro as vitórias do Timão (e zuo os adversários) e o quanto me entristece as derrotas do meu time (e no mesmo tom sou zuado).
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Mas apesar de ser um amante do esporte (em geral, futebol, vôlei, basquete, sou um telespectador de tênis na TV, de atletismo, dentre outros…) não vi com muito bom grado o retorno do futebol no Brasil que acontece a partir de hoje com um jogo entre Flamengo e Bangu.
Não concordo, assim como não concordaria se fosse Corinthians x Palmeiras, por exemplo, um clássico do futebol nacional e uma das maiores rivalidades. Atualmente prefiro torcer para outros atletas, os atletas da vida, médicos, enfermeiros, maqueiros, atendentes e toda a cadeia de profissionais que reúne desde o pessoal da limpeza, passando pelos motoristas de ambulâncias, médicos e enfermeiros, que são os “linha de frente”, até o pessoal das direções dos hospitais e postos de saúde (há mais gente a ser incluída, mas perdoem minha ignorância em não conseguir relacionar todos), minha torcida atualmente está para estes heróis, não vejo com bom tom que o futebol, apenas para satisfazer alguns egos, seja retomado em plena curva ascendente da pandemia.
No Rio de Janeiro, diariamente, a tragédia da vida fica martelando nossos conscientes, mas o povo da Federação de futebol prefere bater uma bolinha e, ironia da vida, ao lado de um hospital de campanha construído para salvar vidas de pessoas acometidas com a Covid 19. É inimaginável que este povo da federação seja tão insensível.
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O assunto me trouxe esta reflexão. A retomada do futebol (paixão nacional) neste momento tão funesto do Brasil, seria uma espécie de “pão e circo”? Esta retomada tem qual objetivo, mudar o foco das pessoas para o futebol, para que esqueçam um pouco as mortes por Covid (e consequência quase certa, também de se esquecer de auto cuidar e cuidar aos outros)? Ou seria por questões financeiras mesmo, tipo, exposição de marca na TV, nos jornais, na imprensa de um modo geral?
E a vida? Como fica a vida das pessoas envolvidas? Porque não são “apenas” as em torno de 40 pessoas dos dois times (titulares e reservas) em uma partida de futebol, são centenas delas, se acotovelando em busca de um ângulo perfeito para a foto da capa do jornal esportivo, cinegrafistas buscando o ângulo para a hora dos gols no programa de TV do dia seguinte, os gandulas, as equipe de arbitragem… gente, é surreal que num pais aonde num dia morrem 1.200 pessoas por conta de um vírus altamente contagioso, no dia seguinte tem um “clássico” de proporções gigantescas (ironia, claro), Flamengo e Bangu. Ainda que fosse Fla x Flu, não estaria certo, ainda que fosse Brasil x Argentina, não estaria correto.
Mas como atualmente o Brasil é o “certinho” em relação ao mundo inteiro no que diz respeito ao combate à pandemia, virão os defensores deste absurdo e dirão que a Federação do Rio está certa, errados estão os dirigentes do Coi que suspenderam as Olimpíadas, errados estão os dirigentes da Federação de Voleibol que encerraram a temporada logo no início da pandemia, errados estão os que, como eu, torcem pela Saúde, para à sua maneira, com as armas que os governantes lhes proporcionam, sigam nesta guerra, aliás, são os que defendem o pão e circo futebolístico, oes mesmos que deveriam melhorar as condições das equipes de saúde, mas preferem mudar um pouco o rumo dos interesses da população.
Penso que eles devem achar que um flamenguista vá comemorar o Gol do Gabriel enquanto um parente seu estiver sendo enterrado. Acreditar nisso, é o mesmo que acreditar em “terra plana”, “vírus chinês”, “genociada inocente”. Tá, eu sei, há quem acredite, então, vai lá:
– Gooooollllllll do Gabigol!!!.
– Aquieta menino, tua vó tá sendo enterrada”
Triste nação, aonde futebol tem mais valor do que a vida.
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