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Comandante-geral da PM culpa guerra de facções e leis frouxas por alta na criminalidade em MT

Com o terrível saldo de 923 mortes, em 2022, o estado de Mato Grosso registrou uma alta vertiginosa no número de homicídios dolosos. O número é 23% maior que em 2021 e foi divulgado junto a outros dados levantados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), em um documento publicado todos os anos e que traz em suas páginas as mais diversas nuances da segurança do estado.

Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, o coronel e comandante-geral da Polícia Militar, Alexandre Correa Medes, culpou a guerra entre facções criminosas como principal responsável pelo aumento nas mortes violentas no estado.

“Esse número reflete a disputa entre facções e deve merecer toda atenção por parte da polícia que investiga de modo a elucidar (os casos). Por outro lado, tratam-se de pessoas à margem da lei que escolheram livremente as consequências do crime. Nesse contexto o preço que se cobra e se paga é a própria vida “, disse o comandante.

Mendes ainda criticou a legislação brasileira que, para ele, facilita a impunidade do faccionado em Mato Grosso.

“Enquanto tivermos leis que favorecem a impunidade, teremos aumento dessa realidade. O faccionado precisa de leis que tornem a sua prática temerária, tem que ter certeza que irá ter uma prisão certa, duradoura e sem benefícios que hoje estão previstos na própria lei”, criticou.

A mesma crítica foi feita pelo governador Mauro Mendes (União), quando Sorriso (396 km de Cuiabá) foi atestada como a 6ª cidade mais violenta do Brasil no Anuário Nacional De Segurança Pública. No documento, Sorriso foi considerada mais violenta que capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

“O governo toma medidas todos os dias, mas aqueles crimes lá, acho que todos sabem, que ali é bandido matando bandido, né?! E o governo tá aprendendo. Pode ver a quantidade de operações que a Polícia Civil fez esse ano em cima das facções criminosas. O governo está fazendo o seu papel. Agora eu digo sempre, infelizmente a lei brasileira é frouxa”, disse Mendes em uma das ocasiões.

Câmera no fardamento

Tramita na Assembleia Legislativa um projeto de lei do deputado Wilson Santos (PSD) para instalar câmeras de monitoramento nos uniformes dos policiais militares. A proposta é criticada pela categoria, que se vê alvo de perseguição. Já o parlamentar alega que cidades que adotaram a medida reduziram significativamente o número de mortes violentas causadas pela PM e que o equipamento ajudaria a provar a inocência dos próprios policiais.

Para o coronel Mendes, o projeto não apresenta provas que irá melhorar a segurança pública. Além disso, o coronel afirmou que a discussão sob o projeto “não se sustenta”.

“Temos aqui uma questão de prioridades dentro de um leque de ações preventivas. Qual a prioridade? Se for câmera teremos que provar ao cidadão (que paga a conta) que isso acarretará melhoria na segurança pública. Quem me apontar com dados essa resposta terá minha imediata adesão. Até hoje, o que temos é um discurso que não se sustenta com dados e resultados em prol do cidadão. Se a câmera for a solução, ok. Penso hoje que não seja solução para a segurança pública. Há prioridades outras”, finalizou o coronel.

Igor Guilherme

Estadão Mato Grosso

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