O último levantamento para esta safra divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmou retração de 3,3% da produção mato-grossense em relação à safra passada, a 20219/20. Com essa nova atualização o Estado soma 72,43 milhões de toneladas (t) ante 74,89 milhões t no ano passado.
A retração na oferta deriva justamente das condições climáticas adversas encontradas pelos produtos nesse ciclo, como seca no início do calendário anual, impactando na primeira e segunda safra. Mesmo com avanço na área cultivada em 3% – que saiu de 17,21 milhões de hectares cultivados para 17,72 milhões – houve perdas significativas. A cultura mais atingida pelo clima foi o milho safrinha.
O milho, como aponta a Companhia, foi a cultura mais atingida porque mesmo com ampliação de 7,7% na área plantada, registrou perdas de 5,2% na produção. A safrinha do cereal em Mato Grosso é a maior do País e sofreu com atraso na colheita da soja – ambas as culturas ocupam o mesmo espaço no Estado, uma sucede a outra – que empurrou o plantio do milho para fora da janela ideal e com isso, o período de desenvolvimento das plantas não teve suporte hídrico necessário, resultando em baixa produtividade. Mesmo com área histórica, 5,82 milhões de hectares, a oferta do cereal fecha o ciclo com 32,80 milhões t ante 34,60 milhões em 2019/20.
O algodão em pluma foi a cultura com maior redução de oferta, 22,9%, mas teve também o maior recuo em área plantada, 17,6%. O saldo anual é uma produção de 1,61 milhão de toneladas ante 2,09 milhões t no ciclo anterior.
A soja, que também teve projeções de recorde de produção, fechou o ano com 35,88 milhões t, volume que segundo a Conab, ficou em linha com o registrado em 2020. Afetada pelo clima, a produtividade encolheu, já que a superfície cultivada cresceu anualmente, atingiu 10,29 milhões de hectares – a maior já registrada no Estado -, 2,9% a mais que em 2019/20.
Mesmo diante de uma oferta menor, o volume contabilizado em 2021 é suficiente para que Mato Grosso siga liderando a oferta nacional, completando nesse ciclo a 9ª temporada como o maior produtor brasileiro e respondendo sozinho por 29% da oferta global do País, nesta temporada.
BRASIL – A produção nacional fecha o ciclo com um volume estimado de 252,3 milhões t, redução de 1,8% sobre a safra passada e 4,7 milhões de toneladas inferior à previsão do levantamento realizado em agosto deste ano.
De acordo com a Conab, as áreas das culturas de primeira safra estão totalmente colhidas, as de segunda safra em fase final de colheita, as de terceira safra desde a fase de florescimento até o final da colheita, e as de inverno no início da colheita, que será intensificada a partir de setembro.
No caso do milho, a produção total é de 85,75 milhões de toneladas, volume 16,4% menor que em 2019/20, quando fechou em 102,5 milhões de toneladas. A primeira safra está com a colheita finalizada e a segunda safra com 86,9% concluída até o final de agosto. Para a terceira safra, situada na região do Sealba (Sergipe, Alagoas e nordeste da Bahia), além dos cultivos em Pernambuco e Roraima, as fases das lavouras variam desde a fase vegetativa até as operações de colheita.
A produção de soja foi a que equilibrou mais os números totais da safra, com uma produção recorde estimada em 135,9 milhões de toneladas, aumento de 8,9% em relação à safra 2019/20. O levantamento feito pela Companhia mostra que a colheita está praticamente finalizada, restando a produção de Roraima e Alagoas, que representam pouco mais de 0,1% do volume nacional.
Outra cultura com número positivo é o arroz, que nesta safra tem produção estimada em 11,75 milhões de toneladas, 5% superior ao volume produzido na temporada anterior. Desse total, 10,8 milhões de toneladas são cultivadas com irrigado e 921 mil toneladas em áreas de plantio de sequeiro. A colheita da safra 2020/21 já foi concluída no país, e alguns estados produtores iniciaram o plantio da safra 2021/22.
O algodão teve redução nesta safra, com a produção estimada em 2,36 milhões de toneladas de pluma, 21,5% inferior à safra passada. Mas a queda esteve mais relacionada à diminuição da área plantada do que com as condições climáticas, que de modo geral até favoreceram o bom desenvolvimento dessas lavouras. Já para as culturas de inverno (aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale), projeta-se um incremento de 13,1% na área plantada. Destaque para o trigo, que apresenta um expressivo crescimento na área de 14,9%, situando-se em 2,69 milhões de hectares. A estimativa atual é de uma produção de 8,15 milhões de toneladas, a depender das condições climáticas até outubro.
Marianna Peres/Diário de Cuiabá