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Hackers vazam dados de PM e diretora que idealizaram voo

Uma célula do Anonymous – grupo internacional de hackers ativistas que protestam contra governos e corporações pelos direitos do povo – no Brasil, a EterSec, divulgou informações confidenciais do ex-coordenador do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), tenente-coronel da Polícia Militar, Juliano Chiroli, e da coordenadora do Colégio Notre Dame de Lourdes, Marluce C. de Almeida da Silva.  

Os dois seriam os responsáveis pelo voo de um helicóptero do Ciopaer no colégio, um dia após uma professora ter sido afastada por ter sido gravada criticando o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) numa aula em Cuiabá.

Durante o sobrevoo sobre o pátio da escola, os militares acenaram e empunhavam uma bandeira do Brasil. A aeronave ficou alguns minutos sobrevoando o local, antes de se retirar.  Os dados foram divulgados no site da EterSec e seria uma resposta dos ativistas hackers, que viram a atitude o sobrevoo da aeronave como ‘arbitrária e autoritária’.  

“Estamos disponibilizando para conhecimento público os dados da diretora Marluce Conceição de Almeida da Silva. Além disso disponibilizaremos também os dados do coronel Juliano Chiroli ex-coordenador do Ciopaer da PM de MT”, diz trecho do manifesto.  

Para o grupo, o episódio no Colégio Notre Dame é resultado do movimento ‘escola sem partido’, que, segundo eles, foi levantado pela extrema-direita brasileira a partir de 2016.  “Claro que é uma política diferente daquela exercida por políticos profissionais e seus partidos, mas ainda assim temos nossos valores e nossas convicções”, completa.  

O grupo ironiza, ainda, o fato de que os mesmos conservadores de direita, que estudaram em escolas, afirmam que as escolas servem para doutrinar. E lembra que o colégio, após punir a professora por conta das críticas que tinha feito ao presidente Bolsonaro, solicitou ao Ciopaer da PM de Mato Grosso, que um helicóptero sobrevoasse a escola. “Os policiais que estavam na aeronave ainda estenderam uma bandeira do Brasil”, ressaltam.

“Fica nítida a tentativa de sufocar os ideais defendidos pela professora em questão, de tal modo que, tendo a diretora tomado essa atitude, acaba trazendo o sistema da politização partidária (em específico, a extremadireita), para órgãos de educação”, denunciam.  

Para a EterSec a ação tinha o objetivo repressor para oprimir e fazer confundir liberdade de expressão com discursos e atitudes de ódio.  O grupo ainda questiona como a diretora do colégio conseguiu fazer com que um helicóptero militar sobrevoar a escola sem temer consequências, já que também foram gastos recursos públicos para a ação.  

“É o retrato da elite que acha que pode fazer o que quiser sem se importar com o restante. Só que não é bem assim. Aqueles que se escondem sob mantos militares e não abrem espaço para o diálogo são simplesmente fantoches de um sistema ridículo que segue o mesmo modus operandi – provocar o medo como forma de controlar a população”, finalizam antes de expor todos os dados sigilosos de ambos em seu site.  

Atualmente o caso está sendo investigado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) para apurar se houve crime de improbidade e militar. O secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, também informou que a Pasta estaria realizando uma investigação interna.  

Outro lado  

O caso ganhou repercussão nacional, e a Secretaria da Segurança Pública de Mato Grosso emitiu nota afirmando que atendeu um ofício da escola para participar das atividades da Semana da Pátria do colégio.  

Já a escola Notre Dame de Lourdes afirmou, em nota, que o helicóptero da PM que sobrevoou a escola faz parte de um pedido da própria direção, que estaria desde o dia 30 de agosto celebrando a Semana da Pátria junto aos alunos da educação infantil ao quinto ano do ensino fundamental.

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