O Deputado estadual Henrique Lopes do Nascimento (PT) lamentou o que chamou de perseguição covarde a que a vereadora Ilmarli Teixeira, de Alta Floresta, integrante do Partido dos Trabalhadores, tem sido submetida em razão de ter acompanhado a eleição do Sindicato dos Trabalhadores na Industria de Carnes e Laticinios do Portal da Amazonia – SINTRACAL.
No dia 28 de junho um documento foi protocolado na Câmara de Vereadores, assinado pelo advogado e presidente do SINTRACAL Evandro Navarro em que afirma textualmente, requerer ‘que o documento seja encaminhado à vereadora para confirmar o que a ela já informei por meio de ligação telefônica, “que vou exercer meus direitos de cidadão”’. No Requerimento, Navarro solicita informações sobre a atuação parlamentar da vereadora, dentre estas, relação de “todas as comissões” a que ela faz parte, cópias de todos os requerimentos feitas pela vereadora, indicações, projetos de leis e “quaisquer solicitações feitos pela vereadora nestas comissões”, o requerimento pede também copia da prestação de contas em relação às verbas indenizatórias.
A vereadora acredita que o “documento” é uma forma de intimidação do seu trabalho. Procurado pela reportagem do O Diário, a vereadora preferiu não gravar, mas apresentou uma cópia de um Boletim de Ocorrências que foi registrado no dia 26 de junho junto à delegacia de Polícia de Alta Floresta, por crime de ameaça. No Boletim, ela explica que as ameaças começaram na quinta-feira, dia 24 de junho, dia em que esteve no Frigorífico JBS, acompanhado de outros dirigentes sindicais para uma assembleia de trabalhadores que seria realizado naquela localidade.
No Boletim, Ilmarli faz referência a uma ligação telefônica, que foi confirmada por Navarro no ofício encaminhado à Câmara e que, segundo a vereadora, Navarro tinha usado tons de ameaça ao dizer que a vereadora, “iria conhecer como seria invadir o local de trabalho de alguém, principalmente quando se anda com bandidos”.
Navarro teria dito ainda que, nos quatro anos de mandado, Ilmarli iria conhecer “um inferno”, deixando a entender que ele iria acompanhar de modo crítico o trabalho da vereadora, “a senhora se prepare”, teria afirmado. Não há informações se a polícia deu prosseguimento à investigação a cerca do Boletim de Ocorrências.
Ao comentar o teor das ameaças, o deputado estadual Henrique Lopes do Nascimento, que é representante da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para o Estado de Mato Grosso, afirmou que se trata de uma perseguição covarde contra o trabalho de Ilmarli, que estava no exercício de sua atividade parlamentar, acompanhando o desenrolar de uma eleição sindical, a pedido de uma das candidatas. “Não há nenhuma razão para os ataques que a vereadora esta sofrendo, até porque ela não teve nenhum tipo de atuação no que diz respetivo ao desfecho do problema que teve o por aí teve, exceto pelo fato dela ser a presenta do Sintep de Alta Floresta, o Sintep é filiado à CUT, a Federação também é filiado à CUT, a Ilmarli simplesmente cedeu o espaço da CUT em Alta Floresta para que os companheiros pudessem fazer a reunião, imprimir material, pudesse inclusive ser um ponto de apoio para pessoal que veio de fora”, afirmou o deputado. “Vou avaliar as ameaças que ela esta recebendo como uma atitude covarde, uma atitude daqueles que as vezes tem algo a esconder dentro daquilo que foi u processo eleitoral”, afirmou.
Sobre a eleição, inclusive, explicou Nascimento, a eleição sindical foi suspensa pelo Judiciário em face a supostas irregularidades que foram apontadas pela candidata Sonia Regina da Silva, em Liminar concedida pela juíza do trabalho Janice Schneider Mesquita.
Para a Justiça, Sonia Regina alegou que Alegou que o Edital de Eleições 2021 foi publicado fora dos prazos estatutários, que a inscrição da sua chapa foi indeferida por ausência de recolhimento da contribuição sindical e, mesmo após o pagamento, foi considerado intempestivo o recolhimento, sem respaldo estatutário”, requerendo a nulidade das eleições.
O Judiciário entendeu que, segundo consta no Estatuto do Sindicato requerido todo o processo eleitoral deve ser realizado no prazo máximo de 60 dias e mínimo de 30 dias que anteceder ao termino do mandato da vigente diretoria e que “na Ata que registrou a análise das inscrições, o término do mandato vigente dar-se-á hoje, 18/06/2021”.
No processo é informado também que a publicação do Edital de Convocação das eleições ocorreu em 04/05/2021, apontando, segundo a decisão, que a votação no período de 18 a 20/06/2021, viola o prazo mínimo para a realização das eleições, conforme previsão estatutária.
Um dos pontos que mais causou polemica na decisão judicial, diz respeito à determinação de “nomeação de uma comissão diretiva interina, composta por associados do sindicato requerido e pelo menos 1 membro da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Frigoríficas e Alimentação Intermunicipal do Estado de Mato Grosso, para conduzir o processo eleitoral.
Segundo a CUT nacional, em nota, “em uma clara ação de cerceamento do direito de escolha e organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras, a atual direção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Frigoríficas de Abate de Bovinos do Portal da Amazônia (Sintracal), filiado à Nova Central de Trabalhadores e Trabalhadoras (NCST), tentou incriminar uma trabalhadora que concorre à eleição para a direção do sindicato em uma chapa apoiada pela CUT.
Sonia Regina da Silva colhia assinaturas de trabalhadores na unidade da JBS em Alta Floresta (MT) para a realização de uma assembleia que decidiria os rumos das eleições do sindicato.
Por meio de seu advogado, o atual presidente do sindicato, José Evandro Navarro, denunciou a trabalhadora como se ela estivesse colhendo assinaturas em uma lista de presença de assembleia. O intuito era acusá-la de fraude e falsidade ideológica por ter colhido as assinaturas com caráter diferente de convocação.
A polícia foi chamada e teve início uma ação que resultou na prisão de Sonia e outros sindicalistas, por aproximadamente oito horas, na quarta-feira (23).
De acordo com a sindicalista, o delegado Dr. Vinicius Nazario, foi até a fábrica, acompanhando de outros dois policiais e houve uma busca coercitiva do tal documento que Navarro alegava ser a lista de presença de uma assembleia ainda não realizada.
“Moro há 43 anos na cidade. Desde o momento em que o delegado me abordou, tentando me amedrontar com sua autoridade, me questionando, revistando, atrás da lista, eu senti medo”, conta Sonia.
Ela relata que outros companheiros foram presos apenas por questionar a legalidade da operação, sem mandado, já que o delegado quis inclusive invadir sua residência em busca da suposta lista.
Após atuação dos advogados da CUT e da Confederação dos Trabalhadores na Industria da Alimentação (Contac-CUT), entidade que também apoia a chapa, ficou provada a ‘imaterialidade do caso’, ou seja, não há provas de que a lista exista.
À reportagem do O Diário, o deputado Henrique Lopes, afirmou que o Delegado, chegou a encaminhar a candidata até o hotel aonde estavam hospedado os representantes da CUT em busca de uma lista de eleitores, “o delegado inclusive vasculhou todos os quartos, eram cinco apartamentos, todos eles foram revistados pelo delegado e esta suposta lista não havia e o delegado foi até a residência desta companheira, querendo entrar na residência para procurar lista e os companheiros que vieram de fora entraram em discussão com o delegado por entender que por não ter mandado judicial ele não teria esta prerrogativa para entrar à força na casa das pessoas e nesse desentendimento, ele entendeu que houve abuso por parte dos sindicalistas que vieram de fora, se sentiu ameaçado e acabou prendendo um dos companheiros pela maneira que ele se dirigiu”, afirmou Henrique, detalhadamente. No dia, além de um representante sindical que veio de Cuiabá, a então candidata Sonia Regina também foi detida e encaminhada à delegacia.
Redação – Jornal O Diário