De tempo em tempo, de tragédia em, tragédia, o país vai “virando” os dias. E o ano de 2019 está especialmente complicado quando se trata de tragédias. A de Brumadinho, a do Flamengo, enchente mortal em São Paulo, é uma atrás da outra. Independente da quantidade de vítimas que cada uma destas tragédias traga para a nossa história, independente de querer mensurar a dor de quem quer que seja, ou de amigos, ou de familiares, ou qualquer outra, mas quando a tragédia se dá, como ocorreu ontem na cidade de Suzano, região metropolitana de São Paulo, aí é coisa pra gente parar e refletir. Dois jovens, um ainda menor, entraram em uma escola e dispararam tiros para todo o lado, mataram dois funcionários, 6 alunos e se suicidaram. Trata-se de pessoas jovens (um 17 e outro 25 anos) que tinham um futuro enorme pela frente, se promissor ou não, se de sucesso ou não, só o tempo diria, mas que tinham muito por viver, não há o que discutir.
O massacre de ontem foi cuidadosamente planejado, com roubo de carro para chegarem ao local, provavelmente o horário também teve análise prévia, até as vítimas podem ter sido escolhidas a dedo, já quem há relato de ao menos um dos alunos que teria sido “poupado” pelos dois atiradores. Dentre as vítimas fatais está uma professora que defendia pelas redes sociais e para seus alunos ser “a favor de porte de livros”, foi morta por tiros de uma arma de fogo.
Nestes momentos, e isso não dá nem para contestar, levanta-se, claro, a discussão em torno da posse de armas de fogo, liberado no início do ano pelo novo governo brasileiro em condições que, em nenhum momento, aliviariam o caso ocorrido ontem. Por exemplo, os dois atiradores tinham arma porque tinham, pela idade de um deles, com certeza era ilegal, o outro, apesar dos 25 anos, dificilmente reunirias as condições para ter porte de arma e ainda assim, se tivesse, pelas regras, deveria estar com ela em casa, não no “coldre” como no velho oeste americano.
Ainda assim, teve autoridade que saiu para o debate, no caso em que registro agora, a favor. O senador Major Olímpio (PSL-SP) defendeu o decreto que flexibiliza a posse de armas no País para quem, se algum funcionário do colégio estivesse armado, a tragédia poderia ter sido menor. Isso é charlatanismo, assim como será se alguém se dizer contrário ao decreto presidencial, pois se trata de porte de armas “em casa”.
O que eu discuto, como brasileiro que sou, cidadão, pagador de impostos é outra coisa, é o discurso de ódio que impera no país. Todos os dias, pessoas (de todos os extremos políticos) se agridem, seja por mídias sociais, seja no cara a cara, por que as suas convicções políticas não são aceitas por um ou por outro, esquecem-se (os dois extremos) que a eleição acabou e que democraticamente o presidente que aí está ficará no cargo, a não ser que algo aconteça pelo caminho como a história já nos mostrou que é possível.
Portanto, na minha humilde opinião, ou as pessoas amenizam o discurso de ódio ou muitas outras tragédias serão registradas na nossa sociedade.