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Sargento revela que apagou escutas de computador a mando de cabo da PM

PANTANEIRAO juiz da 11ª Vara Criminal de Justiça Militar de Cuiabá, Murilo Mesquita de Moura, dá sequência na tarde de hoje a audiência de instrução e julgamento da ação relativa ao Inquérito Policial Militar dos grampos ilegais no Estado. Ainda hoje, o conselho que atua no caso deve decidir sobre o pedido de liberdade do coronel Zaqueu Barbosa e do cabo Gérson Luiz Correa Junior, únicos presos pelo escândalo que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.

A primeira a depor foi a 3ª sargento da Polícia Militar, Andrea Pereira Cardoso. Logo após o escândalo vir a tona, por meio de reportagem do programa Fantástico (Rede Globo), ela procurou as autoridades e revelou que chegou a acompanhar algumas escutas que estariam ocorrendo de forma ilegal.

Andrea contou, em depoimento nesta sexta-feira, que foi designada pelo coronel Zaqueu Barbosa a fazer um trabalho de escutas telefônicas. Em seguida, foi apresentada ao cabo Gerson.

Andrea contou que ouvia as gravações e fazia as transcrições. Apesar de ser de patente superior, a sargento afirmou que apresentava os relatórios das transcrições a a Gerson Correa.  Inicialmente, trabalhava sozinha numa sala comercial num prédio na região central da capital. Em seguida, ganhou apoio do policial Clayton Dorileo.

Andrea contou que atuou na “central de escutas” entre agosto de 2014 e julho de 2015. Após isso, por cerca de um mês, continuou fazendo os mesmos serviços de dentro de sua casa, através de seu computador próprio.

DESTRUIÇÃO DE PROVAS

Andrea Cardoso declarou que nunca desconfiou que as escutas que ouvia eram ilegais, pois o cabo Gerson comentou que havia autorização judicial. Ela disse ainda que ouviu apenas militares e presidiários. “Não ouvi jornalistas, juízes ou desembargadores”.

Ela só tomou conhecimento de que eram ilegais após o caso ganhar repercussão na imprensa. Por conta disso, procurou a promotoria Militar, através do coronel Mendes.

A sargento relatou que entregou o computador pelo qual fez as escutas da sua casa aos responsáveis pelas investigações. O equipamento ainda não foi devolvido.

Porém, ela informou que o disco rígido (HD) do computador foi formatado em novembro de 2015 por ordem de Gérson Correa.

OUTROS DEPOIMENTOS

Nesta manhã foram ouvidas testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual. O primeiro a depor foi o promotor Mauro Zaque de Jesus, autor da denúncia. Entre outras coisas, disse que recebeu a denúncia numa correspondência endereçada a Secretaria de Segurança Pública.

Após uma rápida checagem da veracidade, comunicou o governador Pedro Taques sobre o fato e exigiu investigações. Como percebeu que o caso não avançaria, pediu exoneração do cargo, no final de 2015.

Mauro Zaque disse que ficou claro se tratar de “barriga de aluguel” e de que o esquema era bem, maior que investigação contra policiais militares. “Apesar disso ter acontecido no seio da Polícia Militar, isso não é atividade da PM.  Não foi autorizado pela polícia nem para atender interesses da Polícia Militar.  Foi para atender interesses de outras pessoas. Entre elas secretários de Estado”, afirmou.

Outro a depor foi o servidor público Mário Edmundo Costa. Ele foi um dos que tiveram o telefone grampeados e reconheceu ser amigo de Gérson Correa.

Após saber que foi alvo dos grampos, Mário Edmundo afirmou que procurou o cabo Gerson, por saber que ele atuava no setor de escutas telefônicas. Durante a conversa, o cabo passou a falar sobre algumas das interceptações que realizou, entre elas relacionadas as intimidades do governador Pedro Taques e a deputada estadual Janaina Riva.

A testemunha também comentou sobre uma mensagem que recebeu de Gérson Correa, que dizia que iria “arregaçar o promotor Mauro Zaque”, autor das denúncias de grampos ilegais. Ao destacar que a mensagem foi enviada quando o cabo ainda não estava preso, disse que não enxergou como ameaça ao promotor, conforme sugeriu a denúncia. “Eu entendi que  ele quis dizer que ia cobrar a verdade, não se vingar”. (Folha Max)

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