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Em nota AMAM rebate Governador “Nós, juízes, não somos idiotas e não nos intimidaremos”

Midianews

c3b70eebfbe448e3127cf72b4d73d2c6Associação Mato-Grossense de Magistrados (Amam) emitiu nota à imprensa em defesa do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), criticado por ter determinado o afastamento do secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, e por ter imposto o uso de tornozeleira eletrônica a ele.
As críticas partiram do governador Pedro Taques (PSDB), que classificou a decisão como “teratológica” e “esquisita”, e ainda disse que a apuração sobre as interceptações clandestinas no Estado, sob responsabilidade de Perri, se trataria de uma “pseudoinvestigação”.

Orlando Perri determinou o afastamento do secretário em razão de indícios de que Rogers estaria usando seu cargo e sua influência para interferir nas investigações sobre o escândalo dos grampos – “tentando obter documentos sigilosos, constrangendo autoridades policiais e oficiais militares, e intimidando pessoas ligadas à apuração destes fatos”.

Na nota, a Amam – presidida pelo juiz José Arimatéa – diz que cada instituição possui suas atribuições constitucionais, que não podem ser interferidas por conta de “devaneios tolos de quem quer que seja”.

“Mais ou menos como no dito popular ‘ado, ado, ado, cada um no seu quadrado!'”.

A associação afirmou ter lamentado e ficado estarrecida com o fato de Taques ter vindo a público classificar a decisão de Perri como “absurda” e “teratológica” com base apenas em “rodas de conversas”, “festas” ou “convescotes”, parafraseando os termos usados pelo governador quando afirmou que o desembargador estaria anunciando em eventos que prenderia seus secretários.

“Nós Magistrados Mato-grossenses lamentamos e ficamos estarrecidos quando alguém vem a público classificar como ‘pseudas’ as investigações criminais sobre interceptações telefônicas ilegais realizadas por Agentes Públicos, as quais instauradas rigorosamente com base na Lei Processual Penal, tanto assim que o Superior Tribunal de Justiça em decisão recentíssima, por unanimidade, em voto do Ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, manteve a prisão cautelar de um dos Investigados de envolvimento nos denominados ‘grampos ilegais’ promovidos por Agentes Públicos em nosso Estado. Deu o STF um testemunho isento de que as investigações em curso são legais e bem longe de serem ‘pseudos-investigações’!”.

“Sensacionalismo”

Para a Amam, Taques agiu com “sensacionalimo” ao afirmar que Perri estaria conduzindo a ação dos grampos como um “juiz investigador”.

“Lembrando que o próprio STF já consolidou o entendimento de que os denominados Inquéritos Judiciais tem a natureza jurídica dos inquéritos que apuram delitos em desfavor de autoridades detentoras de prerrogativa de função nos Tribunais, são na verdade procedimentos policiais e não judiciais, como sugere alguns doutrinadores, com a diferença de se sujeitarem a uma supervisão jurisdicional direta de um relator escolhido entre os membros do Tribunal respectivo, daí porque em nada e por nada fere o princípio da imparcialidade o fato do Magistrado fazer as vezes da Autoridade Policial quando a investigação criminal for em face de Autoridade detentora de foro por prerrogativa de função”.

A associação também lamentou a afirmação do governador de é “criminoso” o magistrado que usa seu poder e ofende o princípio da imparcialidade, fala que seria uma indireta a Orlando Perri.

“Em diagnósticos ‘jurídicos’ como tais o remédio é a interposição das medidas e recursos processuais disponibilizados pela Lei e não o ataque com premissas não-republicanas à pessoa do Magistrado!”.

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