Quando tragédias acontecem, é normal para nós, seres humanos, buscarmos culpados e apontar ações que deveriam ser feitas previamente. No entanto, algumas destas tragédias podem ser evitadas para que pessoas não sofram, como é o caso que está acontecendo com os familiares de um trabalhador que morreu vítima da irresponsabilidade com que ele e seus colegas de trabalho eram tratados.
Só para você leitor ter uma ideia, imagine a cena:
Um barco atravessa o rio São Benedito, ele foi fabricado para 4 ocupantes com segurança, mas tinha 10 adultos, e pior ainda, estava carregado com três toneladas de material, são 30 sacos de pedra brita, treliças (ferragens) e outros materiais mais leves, como um botijão e um freezer. Tudo seria levado para uma aldeia indígena onde uma empreiteira, velha conhecida em Alta Floresta, desse sequencia as obras contratada pelo Governo Federal, uma farinheira, um galpão de castanha, uma casa de apoio, e uma casa do artesanato para atender aos indígenas.
Será que tinha sobrecarga neste barco?
A Construtora Alliance, que tem um nome sugestivo, nasceu da “aliança conjugal” entre uma filha da ex-prefeita Maria Izaura Dias Alfonso e um jovem empresário da cidade, Leandro Kuntz (corrigido). Esta construtora foi detentora de diversos contratos de obras públicas em Alta Floresta e em toda a região, muitos destes contratos foram discutidos à exaustão, principalmente por parte dos vereadores da Câmara Municipal.
O caso desta semana pode não ter qualquer ligação com o período em que a empreiteira “reinava” no município, claro, mas mostra, mesmo que tardiamente, como eram tratados os funcionários da mesma.
O título da matéria principal do Jornal O Diário de hoje é “crimes em série”, e precisa ser apurado pelo Ministério Público do Trabalho.
Em que pese o fato de que as informações necessitam de ser confirmadas por fontes oficiais, mas parece ser verdadeiro que um barco com 10 trabalhadores, sem coletes para todos, e dentre os coletes que existiam, alguns para crianças, virou e uma pessoa morreu.
As perguntas que ficam e que precisam ser respondidas.
O barco tinha registro?
O piloteiro tinha carteira?
A empresa tinha seguro do barco contra acidentes?
Porque transportar na mesma viagem material e seres humanos?
Sem contar com as outras perguntas que poderão render muitas dores de cabeças, por exemplo, sobre as acusações feitas pelos funcionários. É certo que eles estavam nervosos e que por isso não mediram palavras para expor seus sentimentos e suas queixas contra a empresa, mas ainda assim precisa ser averiguado. Falaram em comida podre, outros disseram que por vezes faltava mantimentos essenciais para os trabalhadores. Não foi só uma vez, que eles tinham que pescar para se alimentar. E o banheiro em que estavam, só vendo os registros fotográficos que fizeram para entender o que estamos dizendo.
Ontem a nossa equipe tentou conversar com o empresário para que este apresente, se é que tem, as explicações para o que aconteceu, não foi encontrado, mas o espaço, claro, continua aberto.