A Polícia Federal deflagrou uma operação nesta terça-feira (1º), em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, contra desvio de recursos públicos destinados à área da saúde. Estão sendo cumpridos um total de 113 mandados, sendo 30 de prisão preventiva, 17 de prisão temporária, 13 de condução coercitiva e 53 de busca e apreensão, em Cuiabá, Cáceres e Sinop, a 503 km de Cuiabá, e em Goiás.
No estado vizinho, a Operação ‘Fidare’, como foi batizada’, cumpre mandados em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Nerópolis, de acordo com a PF. Já foram presos procuradores dos municípios, proprietários e representantes de empresas do setor farmacêutico.
Entre os conduzidas coercitivamente pelos agentes durante a operação foi o ex-prefeito de Cáceres, a 220 km de Cuiabá, Túlio Fontes. Ele deverá prestar depoimento sobre a gestão dos recursos desses programas do Ministério da Saúde. A suspeita é de que tenham sido desviados cerca de R$ 2,5 milhões nos últimos dois anos.
O advogado dele informou ao G1 que o ex-gestor foi encaminhado para a Delegacia da Polícia Federal do município, porém, disse não saber se o cliente teve a prisão decretada. “Ele me ligou dizendo que teve uma busca e apreensão na casa dele, mas não falou que tinha sido preso”, disse José Renato Oliveira. Ele informou que irá se inteirar do teor da operação para então se manifestar a respeito das acusações.
Além do ex-prefeito, a atual vice-prefeita de Cáceres, Antônia Eliene Liberato Dias também foi conduzida de forma coercitiva para a delegacia. O prefeito da cidade, Francis Maris Cruz, disse que acredita na inocência da vice-prefeita e que ela só foi encaminhada para prestar esclarecimentos. “Quando assumi a prefeitura, fizemos a primeira licitação para a aquisição de remédios e os vendedores só queriam entregar a metade com a alegação de que a prefeitura devia para eles. Os ex-gestores faziam compras sem licitação e depois as empresas queriam receber”, declarou o atual prefeito à reportagem, nesta terça-feira.
Conforme a PF, recursos de três programas federais, sendo eles: Programa de Assistência Farmacêutica, Programa de Saúde da Família e Piso de Atenção Básica à Saúde, destinados à aquisição de medicamentos, eram desviados de diversas formas.
A PF exemplificou como os integrantes da quadrilha atuavam para conseguir a vantagem financeira por meio da prefeitua de Cáceres. Uma das formas era o retardamento das licitações por parte da Secretaria Municipal de Saúde até zerar o estoque. Com isso, para justificar a compra atrasada de medicamentos, os procuradores faziam pareceres e as licitações eram direcionadas para os fornecedores envolvidos no esquema.
Além disso, os criminosos adquiriram os produtos, pagavam por eles, mas os remédios não eram entregues. De acordo com a Polícia Federal, o responsável pelo controle do estoque de remédios também integrava o esquema. Atestava as entregas de remédios que não tinham sido feitas.