Sete pessoas foram presas preventivamente e 14 mandados de busca foram cumpridos nesta quarta-feira (6) durante a Operação Camaleão, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da 11ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte e da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos (Coeciber). A ação cumpriu ordens judiciais de prisão preventiva e de busca e apreensão em Cuiabá e Várzea Grande contra integrantes de grupo criminoso especializado em aplicar golpes por meio do aplicativo Whatsapp.
Há registro da penetração do grupo nos estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Além disso, foi decretada a indisponibilidade de R$ 1,8 milhão em bens e ativos dos investigados, para fins de futuro ressarcimento às vítimas. A operação teve a participação da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG) e apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPMG, do Gaeco/MT, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet) do MPMG e das polícias Judiciária Civil (PJC) e Militar do Estado de Mato Grosso (PMMT).
De acordo com as investigações iniciadas em junho de 2021, uma organização criminosa foi constituída em Mato Grosso para aplicar golpes em vítimas de diversos estados do país. A organização dividia as funções de seus membros basicamente em dois núcleos. O núcleo operacional era responsável por obter dados das vítimas, habilitar chips de telefonia para uso exclusivo na aplicação de golpes, enviar mensagens de Whatsapp para as vítimas, se fazendo passar por familiares delas e solicitar a transferência de valores para contas que indicavam, alegando tratar-se de situações urgentes.
O núcleo financeiro, por sua vez, era responsável pelo fornecimento de contas bancárias e chaves Pix para serem indicadas às vítimas, pelo recebimento dos valores oriundos dos golpes e seu rápido saque ou transferência, de modo a evitar a recuperação do prejuízo pelas vítimas e a garantir a distribuição do proveito ilícito entre os membros da organização. Segundo apurado, muitos dos estelionatos consumados foram cometidos contra vítimas de Minas Gerais.
Os indícios até o momento colhidos indicam que a organização criminosa movimenta a quantia aproximada de R$ 10 mil por dia útil, o que representa cerca de R$ 1,8 milhão de prejuízos ocasionados às diversas vítimas.
O nome da operação (Camaleão) faz referência ao fato de os estelionatários se “camuflarem” para enganar as vítimas e mudarem constantemente de identidade utilizada no Whatsapp.
Crime de grande incidência – Conforme apurado pelo Coeciber, o crime de estelionato mediante fraude eletrônica por meio do aplicativo tem sido um dos delitos de maior incidência no país. “Surgiram organizações criminosas especializadas na obtenção de dados pessoais e vínculos familiares, com consequente utilização para obter proveitos enganando parentes dos titulares dos dados através de mensagens pelo aplicativo Whatsapp”, explica o promotor Mauro Ellovich.
Segundo ele, desde 2021 o MPMG e a PMMG têm intensificado a atuação contra esse tipo de crime.
Em novembro do ano passado, o MPMG divulgou um levantamento com os registros de ocorrência desse crime em Minas. Na ocasião, a Coeciber promoveu uma campanha contra o golpe por meio de conteúdos publicados em redes sociais e veículos de imprensa, especialmente com dicas sobre como evitar o golpe e que providências adotar caso seja vítima dele (veja aqui).