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Salas vão funcionar como ‘bolhas’ no retorno das aulas presenciais em MT

As aulas presenciais voltam nas escolas estaduais nesta terça-feira (3) em Mato Grosso. Com o retorno sistema híbrido, os estudantes e familiares terão que se adaptar a nova rotina – ou, no caso, se readaptar.

Os alunos estão sem ir às escolas desde março do ano passado, com o início da pandemia no estado. Desde a suspensão das aulas, o ensino vem acontecendo de forma remota.

Neste retorno, novos protocolos deverão ser obedecidos. Em casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 de profissionais ou estudantes que estejam frequentando as escolas estaduais, a Seduc explica que as turmas vão funcionar com 50% da capacidade da sala de aula e cada uma será considerada uma ‘bolha de relacionamento’.

Quando algum profissional ou aluno de uma das bolhas apresentar sintomas, contrair o vírus ou estiver em contato com alguém infectado, toda a bolha deverá entrar em quarentena pelo período recomendado nos protocolos vigentes (14 dias).

As demais turmas (bolhas) deverão manter as atividades presenciais, tomando as precauções de biossegurança já estabelecidas.

Os protocolos de biossegurança estabelecem desde como deve ocorrer a limpeza de cada espaço da unidade escolar, a forma de revezamento dos estudantes, a organização nas salas de aula, ocupação de espaços externos, as ações a serem adotadas em casos suspeitos e confirmados de Covid-19.

Há orientações específicas de quem não pode frequentar o ambiente escolar, de isolamento nos casos que os sintomas iniciarem dentro da escola.

Com essas mudanças, a piscóloga Joselita Alcântara explica que a apreensão toma conta das famílias.

“Está havendo medo, insegurança, em todos os envolvidos: o aluno, a família, a escola. Isso é natural, afinal viemos de um período muito extenso e perigoso nessa pandemia. Depois desse longo período, estamos retornando as aulas com uma ‘disciplina’ a mais, que é o cuidado com a saúde, a prevenção para não se contaminar. São mudanças que geram apreensão, mas que todos devem se adaptar”, diz.

Apesar dessa insegurança, a especialista fala sobre a importância do ambiente escolar.

“A criança e o adolescente necessitam da aprendizagem escolar. Por mais que o ensino remoto possa ter ajudado alguns, prejudicou a maioria, falando da questão psicopedagógica. Muitos sem internet, sem estrutura para o aprendizado, os professores tendo que adequar os conteúdos em aulas menores”,

Além disso, ela acrescenta a influência do retorno no desenvolvimento social do aluno.

“O ser humano é naturalmente social. Ele precisa desse convívio. A criança, o adolescente, está em formação, e é nesse contato social que ele vai se desenvolver também como ser humano”, defende.

Sobre a defasagem do aprendizado do aluno durante a pandemia, o secretário de Educação, Alan Porto, explica que já um projeto de aulas de reforço para recuperação.

“É um laboratório de aprendizagem que já está no nosso planejamento. Serão aulas no contraturno, em que serão chamados os professores articuladores, para recuperarmos a aprendizagem dos nossos estudantes. Inclusive, neste ano, estamos em um ano contínuo. Dentro do ano letivo há 800 horas de carga horária. Neste ano, serão mais de mil horas de de aula justamente para a recuperação da aprendizagem”, afirma Porto.

Além disso, a Seduc informa que será feita uma avaliação diagnóstica dos estudantes três vezes ao ano para dados concretos da aprendizagem, material paradidático complementar de estimulação da consciência fonológica, educação financeira e socioemocional, entre outros projetos.

O secretário também afirma que há mais de seis meses o governo estadual planeja e estrutura as escolas estaduais para o retorno híbrido. Segundo Alan, já foram investidos mais de R$ 170 milhões em infraestrutura, biossegurança, além das áreas pedagógica e tecnológica.

Ele explica que, além disso, há um plano de contingência, elaborado junto com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), com todas as orientações necessárias.

“A ciência já provou que o ambiente escolar é seguro. Hoje, os profissionais da educação já receberam a primeira dose da vacina, o que já traz uma imunização satisfatória, mesmo se ele for diagnosticado, será com sintomas leves, então estamos tranquilos quanto a isso. Além disso, a segunda dose desses profissionais já está agendada para agosto e setembro. O monitoramento será muito forte, para acompanhar e avaliar um retorno seguro”, diz.

Revezamento dos estudantes

O acolhimento aos estudantes começa na quarta-feira (4), em revezamento elaborado por cada unidade escolar.

Na primeira semana, os alunos serão recebidos em dias alternados. Eles foram divididos em Grupo A e Grupo B. A divisão foi feita por cada unidade escolar, responsável pela comunicação aos pais.

Na quarta-feira (4) vão para as escolas os estudantes do Grupo A. Na quinta-feira (5) será a vez dos estudantes do Grupo B. Nestes dois dias eles vão receber todas as orientações de como será o funcionamento das escolas e todas as medidas de biossegurança adotadas e que precisam ser rigorosamente cumpridas.

A partir do dia 9 de agosto começa o revezamento semanal. Na semana que o estudante não estiver em atividade presencial, terá estudo dirigido.

Sobre essas mudanças, Joselita afirma que será preciso uma segunda adaptação, como aconteceu no início da pandemia.

“No início da pandemia, quando todas as escolas foram fechadas, com aulas remotas, uns com uma melhor internet, outros totalmente prejudicados, gerou-se um transtorno, uma dificuldade. Aos poucos, o aluno, a família e a escola tiveram que se adequar. Da mesma forma, agora será preciso uma readaptação. Isso vai gerar um certo transtorno inicial, porém necessário. Porque essa é, de fato, a realidade”, diz.

Alunos com comorbidades

Quanto aos estudantes com comorbidades, a orientação da Seduc é que continuem em atividades 100% remotas neste primeiro momento. Mas a participação presencial poderá ocorrer desde que o responsável assine um termo de autorização na unidade escolar.

Educação especial

As aulas no sistema híbrido também voltam para a educação especial. Isso porque o atendimento ao qual a pessoa com deficiência tem direito é o mesmo a todos os demais estudantes do sistema estadual de ensino.

Quanto à organização de atendimento nas turmas, o público-alvo da Educação Especial incluso na escola regular seguirá as regras gerais de revezamento.

Enquanto que as escolas especializadas estabelecerão regras próprias pertinentes as suas condições específicas de atuação e funcionamento acompanhadas pela Coordenadoria de Educação Especial.

De acordo com a lei federal n° 14.019/2020, não é obrigatório o uso de máscaras no caso de pessoa com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial.

Kethlyn Moraes, G1 MT 

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