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Por que a Anvisa recomenda suspender a vacina de Oxford/Astrazeneca em grávidas? Entenda os riscos

Especialistas avaliam os impactos da decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de recomendar a suspensão a aplicação da vacina de Oxford/Astrazeneca em grávidas. De acordo com a nota, a decisão é fundamentada no “monitoramento constante de eventos adversos possivelmente causados pelas vacinas em uso no País.”

Com a decisão da Anvisa divulgada na segunda-feira, 10, alguns Estados decidiram na manhã desta terça-feira, 11, manter a aplicação em gestantes com comorbidades apenas da vacina da Pfizer e da Coronavac.

À noite, o Ministério da Saúde decidiu suspender o uso da vacina em gestantes e puérperas após o registro da morte de uma grávida do Rio de Janeiro que havia sido vacinada com o imunizante. O evento adverso já havia feito a Anvisa orientar, na noite anterior, a interrupção da utilização do imunizante nesse grupo populacional. Confira aqui a nota da agência.

Em abril deste ano, gestantes e puérperas (mulheres que deram à luz há até 45 dias) foram incluídas no grupo prioritário do Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. Primeiramente, Estados imunizaram profissionais da saúde pertencentes ao grupo e, em seguida, a campanha foi ampliada para grávidas e puérperas com comorbidades.

Confira a seguir perguntas e respostas sobre o assunto:

Podemos dizer que as vacinas contra covid usadas no Brasil são seguras em grávidas?

Embora ainda não haja estudos envolvendo a aplicação de uma das três vacinas (Coronavac, Oxford/AstraZeneca ou Pfizer) em gestantes, puérperas e crianças, elas são consideradas seguras. Todas estão sendo administradas apenas por recomendação no caso de grávidas e puérperas, diante até das gestantes que contraíram covid-19 e adoeceram gravemente.

Ainda segundo a especialista, até o momento, os sintomas apresentados foram de leve a moderado, como febre, dor no corpo, dor nas articulações, moleza e sensação de mal-estar, geralmente durando de um a dois dias, sem a necessidade de procurar atendimento de emergência.

O que as grávidas que tomaram a 1ª dose da vacina de Oxford devem fazer?

Sobre as gestantes que já tomaram a primeira dose da Astrazeneca, a orientação do Ministério da Saúde é esperar a conclusão da investigação do caso e novas recomendações federais antes de tomar a segunda dose. Essas mulheres também não devem tomar segunda dose de outro fabricante já que não há estudos sobre eficácia e segurança da mistura de imunizantes diferentes.

Na opinião da coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai, quem tomou a primeira dose da Oxford/Astrazeneca e não teve reação deve completar o esquema vacinal com o mesmo imunizante. “Para substituir a vacina, seria preciso recomeçar o esquema tomando a primeira dose de outro tipo de vacina, mas pode ser que isso provoque a falta de imunizantes para outros grupos prioritários que estão sendo vacinados. Hoje não há estudos que demonstrem eficácia com a intercambialidade, ou seja, administração de vacinas diferentes contra a covid-19 para primeira e segunda dose. Avalio que a gestante que tomou a primeira dose da Oxford/Astrazeneca e não teve nenhum sintoma pode tomar a segunda dose do mesmo imunizante. Já quem teve alguma reação ou não tomou ainda devem começar a imunização com a vacina Coronavac ou da Pfizer”, acrescenta Lorena.

Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lembra que ainda não é possível afirma se fazer uma dose de cada laboratório é mais ou menos eficaz. “Não podemos dizer qual o resultado disso. O ideal na minha opinião seria fazer duas doses de outro laboratório. No entanto, é preciso ponderar se isso é mais correto do que vacinar pessoas que ainda não foram imunizadas ainda mais nesta situação de falta de vacinas”, avalia.

A gestante precisa monitorar sintomas, após se vacinar? Deve ter atenção a quais deles principalmente?

Dor de cabeça, turvação da vista e uma dor abdominal que não passa. “Mas são os mesmos sintomas de alerta de qualquer pessoa, nada específico para gestante. Não temos nenhum indício de que gestante tenha mais reação que a população em geral. Só que as grávidas não foram estudadas, essa é a questão”, afirma a diretora da SBIm. Mônica lembra que nas bulas das vacinas constam que gestantes, puérperas e lactantes não foram estudadas nas fases 1, 2 e 3. “Então, quando falamos de uma vacina que é de uso emergencial, está se considerando uma situação epidemiológica de alto risco, de uma pandemia, e se optou por opinião de especialistas sobre os riscos e os benefícios da vacinação”, afirma. A especialista avalia ainda que o risco associado à covid-19 na gravidez é muito maior que o risco relacionado à vacina.

Para quem a vacina de Oxford/AstraZeneca é contraindicada?

Não existe nenhuma contraindicação diferente até o momento em que se suspendeu a vacinação em gestantes. “Assim como a Coronavac e a vacina da Pfizer, o imunizante também não é de vírus vivo atenuado. Então, são indicadas até para quem tem comorbidades, pacientes com câncer, transplantados, entre outros. A contraindicação seria se tem alguma reação alérgica grave, choque anafilático após a primeira dose, não deve fazer a segunda dose desse mesmo produto, mas isso tende a ser uma contraindicação geral das vacinas. E se estiver doente ou com febre no momento da vacinação, deve adiar a aplicação”, diz a diretora da SBIm.

“Agora, por causa do óbito de uma gestante que tomou a vacina Oxford/AstraZeneca, a Anvisa decidiu suspender a vacinação, o que é prudente. É preciso investigar se a gestante teve trombose porque iria ter de qualquer forma ou se isso está associado com a vacinação. E nós temos outras duas vacinas para continuar a vacinação”, acrescenta Mônica.

Quantas gestantes foram imunizadas no Brasil?

Até agora, das 22.295 gestantes imunizadas contra a covid-19 no País (somadas as aplicações das vacinas da AstraZeneca, Pfizer e Coronavac), foram registrados 408 eventos adversos, dos quais somente 11 foram considerados graves. Oito deles já tiveram a relação com a vacina descartada.

Morte de gestantes por covid-19

Desde o início da pandemia, o Brasil registrou 979 mortes de grávidas ou mulheres que acabaram de dar à luz diagnosticadas com a covid-19. Ou seja, a taxa de morte materna pela doença no País dobrou em 2021. Naquele mês, o ministério também recomendou às brasileiras que adiantassem a gravidez por causa do agravamento da pandemia.

Renata Okumura
Estadão

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Um comentário

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