Da Redação
As poucas pessoas que compareceram na noite de sexta-feira, 10 na casa “Alambique Western”, para acompanhar o show de Ataíde e Alexandre assistiram a um espetáculo de qualidade musical e de muita humildade de uma das melhores duplas sertanejas “de todos os tempos”, Ataíde e Alexandre, cantaram músicas de um repertório que já tem 35 anos de duração e arrancaram aplausos efusivos desde os primeiros versos da música que “laço aberto”. “Te amar foi um erro, foi um erro te amar…”
Durante o show, que durou quase duas horas, eles passaram por músicas que serão eternamente lembradas, como “Tá nervoso, vai pescar”, “Deus me livre”, dentre inúmeras canções, algumas eternizadas nas vozes de outros cantores, já que Alexandre é considerado um dos maiores compositores sertanejos em atividade no país.
Horas antes do show, ainda no hotel onde ficaram hospedados, os irmãos receberam a reportagem do Jornal O Diário. Num bate papo com os dois artistas, eles falaram da expectativa para os dois shows que fariam na região, na sexta-feira em Alta Floresta e no sábado em Japuranã (Nova Bandeirantes). “A gente tem mais o que agradecer do que pedir a Deus, nós temos uma vida em que todo o trabalho foi reconhecido pelo publico, e a gente só tem a agradecer pelo carinho, a dificuldade maior nossa é pode colocar todas as canções em um único show, já que cada um tem a sua preferida”, disse Ataíde, já planejando o show.
O cantor Alexandre fez uma avaliação do atual momento da música sertaneja e também falou sobre os ,35 anos da carreira com o irmão Ataíde e revelou que são bastante antenados com as mídias sociais, que aumentam a interatividade com o público. “A gente tem a nossa página do facebook com mais de 500 mil seguidores, então a gente está sempre mantendo contato, renovando o nosso trabalho, atendendo na medida do possível o pessoal que entra em contato com a gente e é uma coisa bacana, porque a internet chegou para unir as pessoas, hoje a gente consegue num dia só levar a mensagem para o mundo inteiro, a internet sem duvida é um veiculo muito forte que vem somar com o rádio, com a TV e aproximar mais as pessoas que é uma coisa muito bacana”. Afirmou.
Quando falou sobre a nova música sertaneja, o chamado movimento “sertanejo universitário”, Alexandre não poupou criticas e afirmou que há muitas duplas mas poucas ficam no mercado. “Esse novo mercado não é essencialmente de talentos, ele é feito de empresários, de investimentos, então virou um comércio muito grande, os empresários investem nas duplas, todo o dia tem música nova e gente nova no mercado e investidores investindo, mas não é todo mundo que vinga, porque, a música antigamente era muito mais selecionada, tinha um crivo pra você passar por ela e hoje em dia você não precisa mais, hoje em dia todo mundo tem acesso a ir para um estúdio gravar, a ir para a rua divulgar”, analisou Alexandre. “Nem tudo o que se lança é legal, não é, ficou um mercado descartável, um contingente muito grande de pessoas batalhando na música, mas não como artista de verdade, como um comércio”, alertou.
Para Alexandre, a renovação do sertanejo já aconteceu, independente da qualidade do que se coloca no mercado, mas deixou um alerta, do que acredita, prejudica principalmente os compositores. “As duplas novas não dão oportunidades para os compositores da antiga, então eles mesmos fazem as próprias músicas deles, muitos compositores tem muitos trabalhos bonitos na gaveta guardados e não tem acesso a essa juventude aí porque eles acham que já estão ultrapassados e na verdade não é bem verdade, tem muita gente da antiga fazendo coisa nova, coisa legal”, defendeu.
Alexandre reforça a ideia de que a música evoluiu a ponto de, dificilmente ressurgir um movimento coo nas épocas de 70, 80, 90 até 2.000 que, “foi um movimento muito forte da musica sertaneja, de grande talentos, de artistas de verdade, pessoas que faziam a coisa com conteúdo, hoje em dia misturou tudo, funk samba, acho que o sertanejo universitário não é sertanejo, é uma música onde todo mundo fala o que quer, diz o que quer, não tem vínculo com nada, não tem comprometimento com nada, a rádio toca porque eles chegam lá e realmente bancam horário, é tudo bancado, a rádio não quer nem saber se a música é boa ou é ruim, o cara foi lá e fez a promoção com a rádio e pagou pra tocar, na verdade essa é a realidade, a rádio toca e acabou, não importa, o povo acaba acostumando, a rádio toca, toca e o povo acaba assimilando”, reclamou.
Mas ainda assim, o compositor rendeu-se ao novo mercado, afirmando que apesar do numero exagerado de novas duplas, de novas músicas, muitas sem sentido, existem “muitas coisas são boas, então, as boas ficam, meia dúzia fica o resto não dura mais que três meses no mercado”, finalizou.