“Isso não é segredo mais pra ninguém, todos sabem na cidade quem são os vereadores que estão mandando entrar nas áreas”
Da Redação
A diretoria do bairro Renascer organizou um “abaixo assinado” contendo cerca de 220 assinaturas denunciando a existência de doações irregulares e invasões de áreas públicas, dentre elas, algumas APPs (Áreas de Preservação Permanente) e que estariam, segundo o que foi denunciado, sendo autorizadas por pelo menos um vereador da Casa de Leis altaflorestense. Durante a sessão, o vereador Dida Pires confirmou, sem identificar o nome,que haveria de fato um integrante do Legislativo incentivando as invasões. “Está errado, quer fazer doações faça de acordo com legislação, encaminha projeto, eu não sou contra doar um lote ao trabalhador, um cidadão que precisa, um empresário, mas vamos fazer da maneira correta”, afirmou, indicando que o caso já foi levado ao conhecimento do Ministério Público.
O próprio vereador afirmou que há outras denuncias de invasões irregulares na avenida Mato Grosso, e nos bairros Cidade Alta e Cidade Bela, e mandou um recado para seu colega de parlamento. “Pode parar com isso aí que não é dessa forma que vai se ganhar eleição, isso está sendo prejudicial para o município. Tome cuidado, isso vai desencadear um processo judicial, tem também a secretaria de estado de combate a corrupção, isso pode dar perca de mandato pra vereador, toma muito cuidado que o governo Taques não está brincando, e não mande ocupar área publica sem aprovação da Câmara Municipal”, disse tentando desencorajar a atitude.
Sobre o nome do vereador, ainda sem identificá-lo na Tribuna, Pires afirmou que o fato já e de conhecimento de todos. “Isso não é segredo mais pra ninguém, todos sabem na cidade quem são os vereadores que estão mandando entrar nas áreas”, afirmou, no plural.
O vereador Rogerio Colicchio parabenizou o presidente do Jardim renascer pela atitude de denunciar, demonstrando preocupação com o futuro do bairro, afirmando que no sábado foi fazer uma verificação in loco, das denúncias. “Áreas públicas, principalmente incentivadas à invasão, é crime, e quem cometer esse crime não vai arcar não é comigo enquanto vereador, vai arcar na Justiça”, afirmou, dizendo que há um “erro grotesco” nestas invasões.
Já a vereadora Elisa Gomes foi incisiva em seu discurso, afirmando que a Câmara de Vereadores não pode ficar alheia a que estaria acontecendo. “É preciso dar um basta nisso, porque todos os dias nós recebemos denúncias de que tem colegas vereadores levando pessoas para olhar áreas e até invadir ali, é um desrespeito e uma desmoralização para a Câmara de Vereadores que tem a função e a obrigação de fiscalizar”, alfinetou.
Nos bastidores, o nome que mais se ouviu, como suposto incentivador das áreas reclamadas, foi o vereador Valdecir Mendonça. No momento em que ele foi fazer a sua participação na Tribuna, Mendonça demonstrou muita irritação com os comentários, e cobrou uma postura dos seus pares. “Eu acho que quem anda, de cabeça em cabeça é piolho, eu acho que esse negócio de disse me disse”, afirmou. E em seguida desafiou, “essa questão de lote, quem doou, tem que chegar e falar o nome”, mas na Tribuna nenhum vereador apontou quem seria o incentivador das invasões.
O vereador defendeu que seja feita uma pesquisa e se identifique as doações dos últimos 4 anos (2 anos da atual administração, e dois da administração da ex-prefeita Maria Izaura) para que seja tomada uma atitude. “Passou 8 anos usando e abusando e ninguém falava nada, que eu sei, se alguém quiser prova, vem até a mim, que nós vamos lá mostrar”, afirmou. Segundo o vereador, ele teria como comprovar que grandes áreas foram doadas sem que o processo passasse pela Câmara de Vereadores. “Eu sei de área de 5 mil m² que foi doado, hoje tem mansão, que eu tenho as fotos, então vamos fazer uma busca”, intimou. “Eu estou a disposição, qualquer questionamento sobre esse vereador, pode vim, só não gosto blábláblá com meu nome por aí, eu sei que tiveram uns cachorrinhos latindo por aí, não tem coragem de chegar a mim e falar alguma coisa”, detonou.