Alguns itens do Pregão Presencial 46/2015 realizado no dia 22 de junho pela prefeitura de Alta Floresta, chamaram a atenção, no mínimo, por sua excentricidade, já que a prefeitura fez o registro de preços para futura e eventual aquisição de gêneros alimentícios, materiais de higiene, limpeza, copa, cozinha, utensílios e outros materiais e fez acrescentar dentre os itens, chinelos, barbeadores, absorventes íntimos, dentre outros, incluindo na relação a previsão para adquirir 50 litros de cachaça. Procurada pela reportagem do O Diário, a secretária de Assistência Social Sirlei Vaz da Silva Capeleti afirmou que a cachaça tem a finalidade culinária e que os itens de higiene íntima são para utilização com adolescentes atendidos pela Casa/Lar. “Nós utilizamos pra amaciar carnes mais duras, para gente desfiar, para fazer pratos como tortas e outros itens e fazer também o pastel, biscoito, cueca virada entre outros itens”, explicou. “O fato é que, cachaça é um produto rechaçado, um produto visto de forma preconceituosa pela sociedade, porque é vinculado à bebedeira, do vício, do uso abusivo, no nosso caso foi licitado pra uso culinário”, explicou.
Apesar da sua Secretaria ter virado o centro da polêmica, Sirlei viu pontos positivos na repercussão que o assunto teve. Para ela, muitas pessoas de Alta Floresta não conhecem os serviços que são prestados pelo município ao seu cidadão. “A população não sabe, mas o município tem uma Casa/Lar que cuida de adolescentes, que são retirados de suas famílias através da Justiça, do Conselho Tutelar, levados até esta casa e ficam em custódia pelo município. Nós temos que arcar com todos os custos de vida destas crianças, e estes produtos íntimos é um dos itens que nós temos que adquirir pra eles, que são adolescentes que utilizam barbeador, precisam de absorventes, de chinelos e outros itens”, afirmou.
Segundo a secretária, Alta Floresta possui dois CRAS (Centro de Referencia de Assistência Social), sendo que cada um atende 3.500 famílias, o Creas, em média 80 famílias por mês, além de inúmeras crianças, adolescentes, idosos, homens e mulheres atendidos em diversos programas. “As instituições atendem dois, três grupos, por turno ao mesmo tempo, e é feito alimentação pra eles, pra ser utilizado tanto na manhã quanto à tarde, a bebida, suco, refrigerantes, e bolos, salgados, salgadinhos, pães, toda alimentação para que eles possam estar utilizando o serviço e ser alimentados”, disse.
Há vários anos – Segundo Sirlei Vaz, a aquisição de produtos, inclusive a cachaça, já vem sendo feita pelo Executivo há vários anos, já que faz parte de uma lista de produtos que vem sendo renovada ano à ano, a cada necessidade do Poder Público. O que a prefeitura fez, na avaliação da secretária é fazer a compra de maneira lícita, através de um processo público e divulgado pela imprensa. “Nós não podemos utilizar nenhum bem sendo comprado, adquirido de forma ilícita, todo o produto que é adquirido pelo setor público tem que passar por licitação, não podemos comprar de outra maneira só pra evitar um falatório, esse é um item que é necessário, justificável e foi licitado, então nós vamos comprar de forma regular”, disse e ainda alfinetou, “se no passado não foi feito (a compra por licitação), de alguma forma foi utilizado”, afirmou.
Além dos itens que tiveram sua divulgação, a mesma licitação ainda teve listados produtos como, corda pra varal, cortadores de unha, escova de mamadeira, isqueiros, pilha, toalhas de rosto, “entre tantos outros itens que a população pode olhar e achar estranho, mas o importante é que a população possa perguntar pra nós pra que serve aquilo”, finalizou Sirlei Vaz.