Os vereadores Rogério Colicchio e Elisa Gomes Machado tentaram criar a sensação de que as denúncias contra ambos tinha apenas conotação política para desmoralizá-los perante a sociedade. Rogério chegou a ensaiar um choro ao final do seu pronunciamento talvez para mostrar-se fragilizado diante das denúncias que classificou como oriundas do processo eleitoral. Ele chegou a afirmar que no ano de 2012, sequer estava na condição de secretário de educação. “Esta denúncia dizendo eu desviei recurso da merenda escolar no ano de 2012, ano inclusive que vocês todos sabem que eu não fiquei como secretário, que eu me afastei pra concorrer a um mandato de vereador”, afirmou, criando a falta ideia de que o relatório assinado pelo controlador interno de Alta Floresta era mentiroso.
Mas Rogério se enrolou nas próprias palavras, dele e de outros colegas seus. No mesmo discurso, afirmou que a denúncia que virou processo na justiça foi protocolada no MPE no dia 19 de dezembro de 2013. O vereador Reinaldo de Souza (Lau), disse que o relatório foi produzido em abril de 2013, ou seja, ambas as datas, bem posterior ao processo eleitoral deflagrado no segundo semestre de 2012.
Sobre a denúncia contra a administração do prefeito Asiel Bezerra, com base no relatório da controladoria, Colicchio jogou a responsabilidade pelas informações para a Controladoria de Alta Floresta. “A Câmara de vereadores aprovou requerimento do Controle Interno da prefeitura de Alta Floresta solicitando uma auditoria referente aos maquinários do município, não sou eu que estou falando, a auditoria veio muito clara, com documentos, diferente de outras auditorias”, disse.
Imediatamente após estas palavras, o vereador Reinaldo de Souza resolveu desafiar Colicchio. “Eu acho muito estranho um vereador cara de pau veio aqui na Tribuna, e falar que auditoria é séria, se essa auditoria é tão séria, agora, porque é que ele não vem falar que esta aqui a mesma assinatura do auditor que fez do Dr Asiel, é o que fez da vossa excelência, que denunciou o senhor, porque é que o senhor não fala, esse mesmo cidadão, ele é sério. Eu gostaria que o senhor viesse e falasse na Tribuna, quem denunciou o prefeito Asiel também me denunciou, é serio o que o senhor fez? O senhor roubou? Fala pro povo?”, incitou.
O vereador Rogério chegou a ensaiar sair de sua cadeira e ir para o microfone, mas desistiu rapidamente, tendo que ouvir outras duas vezes a proposta para que ele desmentisse sobre as duas denuncias terem sido feitas pelo mesmo auditor interno da prefeitura. “O que a Câmara está querendo fazer, é investigar o prefeito dr Asiel, mas também a vossa excelência que é o mesmo controlador que fez a denúncia que o senhor desviou a merenda escolar da merenda das crianças de Alta Floresta”, afirmou. “O senhor foi desmascarado nesta sessão, quando vem dizer que esse controlador é verídico, ele é serio, então diz pra população que ele fez o que fez contra o senhor, e também é serio, ele fez em abril de 2013”, sem sucesso.
Na mesma linha adotada por Colicchio, a vereadora Elisa Gomes fez um discurso de vítima. “O que querem é nos calar”. Mas em sua defesa, ela repetiu várias vezes, que ela e Rogério não poderiam ser investigados por falta de decoro na atual legislatura. “O vereador Rogério não era vereador quando fizeram a denúncia contra ele, ele não teve (falta de) decoro parlamentar e o vereador só pode montar comissão pra cassar o vereador se ele tiver (falta de) decoro parlamentar no período em que está vereador, quando aconteceu, no final de 2013, foi uma tentativa de nos calar, juntaram um monte de papéis da merenda escolar, e muitas outras coisas, minha quando eu era professora do Cenec, juntaram em 2005 quando fui vereadora pela primeira vez, juntaram notas. Muito bem, eles podiam me investigar se eu faltasse com decoro agora (…) eles não podem formar comissão para apurar aqui na Câmara eu e o vereador Rogério, nós não faltamos com o decoro nesses dois anos aqui”, afirmou.
Mas, no calor da discussão, provavelmente sem perceber, Elisa acabou “pisando no pé de Rogério Colicchio”, ao reconhecer o que o vereador petista teve dificuldade de reconhecer após ser estimulado por Lau. “O que nós estamos pedindo, baseado numa auditoria do nosso controle interno, o mesmo realmente que fez a denúncia (do Rogério) mas está lá para ser investigado, agora o que nós estamos questionando, é que esta legislatura não pode julgar eu e o vereador Rogério porque nós não faltamos com decoro nesta legislatura”. E emendou, “quero dizer para os senhores, que é digno estar sendo perseguida, de estar sendo instituído uma constituição pra me julgar porque eu trabalhei, não foi porque eu roubei e nem porque desviei dinheiro de ninguém”, defendeu-se, mais uma vez atingindo (sem querer) Rogério, que está sendo denunciado por suposto desvio de merenda escolar na Justiça estadual e teve aberto inquérito no Ministério Público Federal.