Um ato de traição. É assim que o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Herique Lopes, vê a postura do Governo, que pediu na Justiça a ilegalidade da greve dos professores da rede estadual.
“Não há o que dizer, senão isso. No primeiro momento, o Governo deu aval ao estudo do Sintep, que prevê o incremento de recursos de 2% para a Educação, o que ainda não é ideal. Depois no segundo momento, comunica à categoria que pediu a ilegalidade da greve. Isso não tem outro nome: foi traição ao processo de negociação”, disse o sindicalista ao MidiaNews.
Lopes afirmou que a postura do Governo fez “acirrar ainda mais os ânimos da greve”. “Com certeza, se houver alguma liminar favorável ao Estado, nós iremos recorrer, e isso vai prejudicar e alongar ainda mais a negociações para acabar com a greve”, disse.
Ele também destacou que o pedido de ilegalidade fortaleceu ainda mais o movimento, tanto que, nesta semana, os professores farão duas manifestações.
“A primeira ocorre nos municípios do interior do Estado, onde os professores farão passeatas. Já a segunda está programada para ocorrer na Capital. A concentração será no acampamento dos professores, que fica às margens da Avenida do CPA, e em frente ao Tribunal Regional do Trabalho. De lá, provavelmente, nós seguiremos em passeata até o Palácio do Governo”, disse o presidente do Sintep.
Pedido de ilegalidade
O Sintep foi comunicado sobre o pedido de ilegalidade da greve, na última sexta-feira (6), durante a audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, que debateu a falta de destinação de recursos à Educação.
No pedido à Justiça, o Governo afirma que a Educação é um serviço essencial, como a Saúde, e que, por isso, a greve dos professores seria ilegal. Além disso, o Governo afirma que o Sintep violou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e desrespeitou o mínimo de profissionai,s que não podem parar com as atividades durante a greve.
A decisão sobre a ilegalidade, ou não, da greve está nas mãos do desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Marco Machado, que analisa o processo.
Para dar a sua sentença, ele analisará as documentações encaminhadas pelo Sintep e pelo Governo do Estado, sobre o andamento das negociações da greve. Não há uma data estipulada para a sentença. Os professores estão com as atividades paralisadas desde o dia 12 de agosto.
A proposta
O Sintep concordou com a proposta de 27% dos recursos do Estado para a área da Educação. Atualmente, o Estado investe 25%.
Com o incremento, duas das principais reivindicações da categoria seriam atendidas, que são o aumento salarial de 10.41% e a hora atividade para os professores contratados.
Mas, a categoria pede que o governo faça a proposta por escrito, o que, até agora, não aconteceu.
Fonte : Midia News