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Parte da digestão da vaca acontece no rúmen, um local do estômago em que os microrganismos degradam o alimento por meio da fermentação. Mas, sabia que é possível imitar este processo em uma incubadora de digestibilidade?
Este é um dos equipamentos adquiridos pelo projeto Conect@gro, do Instituto Centro de Vida (ICV) e instalados no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) de Alta Floresta, na Amazônia mato-grossense. Eles agora fazem parte do laboratório de bromatologia, a ciência que estuda os alimentos.
Conforme explicou o coordenador do projeto no câmpus, Cesar Oliveira, o principal objetivo da incubadora de digestibilidade é analisar o quanto de um alimento pode ser digerido pelo animal.
“Geralmente, os alimentos são digeridos, mas só em partes, então pode ser que seja digerido 30%, 60%, e por meio da utilização dessa máquina a gente consegue essa informação”, disse.
Ao todo, o Conect@gro investiu R$ 125 mil nos equipamentos. Eles são utilizados pelos alunos dos cursos de bacharelado em Zootecnia e técnico em Agropecuária. Para além da incubadora, foram comprados um agitador magnético, um moinho, um destilador de nitrogênio, uma estufa, uma balança, entre outros.
O coordenador do curso de Zootecnica, Marcelo Piassi, pontuou que cada equipamento é utilizado em determinada etapa do estudo dos alimentos e que todos são fundamentais para execução da pesquisa, do ensino e da extensão.
“Por menos tempo que a gente precise utilizar aquele equipamento em um processo todo, completo, ele é importante porque naquela fase é necessário fazer aquela atividade, aquela movimentação com o alimento, então é um laboratório de suma importância para nós”.
Para analisar a quantidade de proteína em determinado pasto, por exemplo, é necessário colher uma amostra do material, armazená-la no freezer, colocá-la em uma estufa de secagem para que ela em seguida passe pelo moinho. Por fim, a amostra ainda vai para a pesagem e passa pelos equipamentos de digestão e destilação.
“Quer dizer que para você fazer uma análise, você tem uma sequência de equipamentos. Para além das proteínas, a gente também pode avaliar as fibras, que é outro processo, pode avaliar a gordura dos alimentos, que também é outro processo”.
Melhorias
Antes da chegada dos equipamentos, os estudantes e professores precisavam recorrer a outras instituições de ensino da região para conseguir realizar as pesquisas. Muitas delas eram feitas de forma improvisada ou sequer eram feitas.
“A gente precisava pescar uma coisa ali, outra aqui, para conseguir fazer minimamente as análises, e ainda assim faltavam algumas coisas, não era tudo o que a gente conseguia estudar”, disse a chefe do Departamento de Ensino da instituição, Taís da Silva Maia.
Agora, para além do ensino e da pesquisa, um dos focos do laboratório é a extensão. Por meio da utilização dos aparelhos, é possível responder demandas e perguntas da sociedade relacionadas à questão da nutrição.
“A gente sempre recebe várias solicitações de produtores para análise de pasto, análise de soja, análise de milho. Até então a gente não conseguia fazer, então agora essas aquisições permitem o aumento também desse tipo de atendimento”.
Assessoria técnica
O consultor do ICV Eduardo Florence explicou que existe um distanciamento dos estudantes com os produtores e que muitas das vezes eles não têm acesso aos problemas do campo durante a sua formação.
“O produtor muitas das vezes procura assessoria técnica e os técnicos muitas vezes estão despreparados para atendê-lo. Então a gente está procurando com esse recurso um fortalecimento das universidades, para também fortalecer a formação de assessoria técnica rural”.
Outros R$ 67 mil também foram destinados ao Grupo de Estudos em Pecuária Integrada (GEPI), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) câmpus Sinop. O dinheiro foi utilizado para comprar um container onde serão realizadas as pesquisas relacionadas ao Conect@gro.
O coordenador do grupo, Dalton Henrique Pereira, contou que pelo menos 15 estudantes conseguem ser atendidos de forma simultânea nesse espaço. As pesquisas estão relacionadas à pecuária de corte em um sistema mais sustentável, pensando no lado econômico e social do processo.
“O espaço dá condições da gente melhorar ainda mais o que a gente já tem feito. Sem duvida vai solucionar um problema nosso atual, que é a falta de espaço específico”. “O container vai ser o local em que vamos realizar capacitações, treinamentos, reuniões com produtores rurais, empresários, participantes de pesquisa, entre outros”.
𝐏𝐫𝐨𝐣𝐞𝐭𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐞𝐜𝐭@𝐠𝐫𝐨
Tornar a pecuária da Amazônia mato-grossense mais produtiva, rentável e capaz de garantir a preservação da floresta amazônica é o principal foco do projeto Conect@gro, implementado pelo Instituto Centro de Vida (ICV).
O projeto tem parceria com o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), com o Grupo de Estudos da Pecuária Integrada da Universidade Federal de Mato Grosso (GEPI/UFMT), com a Universidade Federal de Goiás, o Sicredi, a Embrapa Agrossilvipastoril e Campo S/A.
O financiamento é do Programa REM, executado em parceria com o Governo do Estado de Mato Grosso, Banco de Desenvolvimento (KfW) Alemão e a Secretaria de Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS) do Reino Unido, e que tem como gestor financeiro o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
Assessoria ICV
