Capa / Cidades / Campanha Movimento Pelo Clima promove pedal em Alta Floresta (MT) até comunidade rural agroecológica

Campanha Movimento Pelo Clima promove pedal em Alta Floresta (MT) até comunidade rural agroecológica

Um evento ciclístico promovido pelo Instituto Centro de Vida (ICV) vai incentivar a conexão entre prática esportiva, alimentação saudável e mitigação das mudanças climáticas em Alta Floresta, município amazônico localizado no norte de Mato Grosso.

Parte da campanha Movimento Pelo Clima, o pedal terá um percurso de aproximadamente 30 quilômetros até a Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe, na área rural, e ocorrerá no dia 14 de novembro, domingo. A saída será do Batalhão da Polícia Militar.

O pedal tem inscrições gratuitas e conta com apoio da Prefeitura Municipal de Alta Floresta, 9º Comando Regional da Polícia Militar, Associação Guadalupe Agroecológica (AGuA) e das lojas de bicicletas Ninus Bike e Trairão.

A Prefeitura de Alta Floresta está apoiando o evento através da Secretaria de Esportes e Lazer, Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico e Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos.

Os ciclistas terão a oportunidade de conhecer famílias produtoras de hortaliças, frutas, café, leite e outros alimentos da região. As famílias da Associação Guadalupe Agroecológica (AGuA) irão realizar também venda e exposição de produtos da comunidade e promoverão. outras atividades

Além disso, será realizada a venda de cestas de produtos da agricultura familiar pela iniciativa Rota Local, projeto do ICV que apoia organizações comunitárias da região na comercialização dos produtos nos mercados de Alta Floresta.

MOVIMENTO PELO CLIMA

A campanha tem o mote “Aqueça o corpo, não o planeta” e incentiva os praticantes de exercícios físicos a priorizar o consumo de alimentos in natura e locais, o que pode ser benéfico para a prática de exercícios físicos e fortalece a agricultura familiar regional.

Classe em situação de vulnerabilidade histórica, a agricultura familiar tem investido na adoção de métodos de produção sustentáveis que proporcionam, além de qualidade de vida para as famílias, o fornecimento adequado de alimentos saudáveis para os moradores urbanos.

Próxima à cidade, a comunidade em que muitas famílias adotaram práticas agroecológicas, a Nossa Senhora de Guadalupe, é o ponto de chegada do evento de ciclismo.

Coordenador do Programa de Negócios Sociais do ICV, Eduardo Darvin é um dos moradores da comunidade rural e integra a Associação Guadalupe Agroecológica (AGuA), organização formada por 18 famílias da comunidade.

Eduardo explica que muitos dos agricultores da comunidade dependiam de eventos de comercialização cancelados com a pandemia, como feiras e espaços para vendas de sementes e produtos da agricultura familiar.

“Com boa parte da população vacinada e o início de uma retomada das atividades presenciais, as famílias estão animadas”, comenta.

O coordenador afirma que anteriormente à pandemia, a comunidade sempre carregou o propósito de abrir as portas para receber os moradores da cidade. “Temos como missão o trabalho coletivo, de apoio uns aos outros, mas também de contribuir com o município mostrando e espalhando as experiências agroecológicas que praticamos”, diz.

A diretora de Turismo da Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico de Alta Floresta, Geiziana Nunes da Silva comenta que o turismo foi um dos setores mais impactados pela pandemia e a retomada do setor terá o turismo ao ar livre, ecológico e rural como um dos focos no município.

“A nossa região tem um alto potencial, seja pela agricultura familiar ou pelas unidades de conservação”, comenta.

“E existe essa demanda por experiências para ver os modos de produção, por exemplo. Um evento desse proporciona uma atividade que traz bem-estar, faz bem para o corpo e mente e conhecer como são feitos esses alimentos e as histórias dos agricultores nutre também a alma”, complementa.

APOIO A SISTEMAS ALIMENTARES JUSTOS: MOVIMENTO CONTRA A CRISE

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) quantificou, pela primeira vez, o impacto humano sobre o aquecimento da Terra.

Em comparação ao período pré-industrial, o Planeta esquentou cerca de 1,09 graus entre 2011 e 2020. A maior parte, de acordo com o painel de especialistas, é resultado de ação antrópica, ou seja, humana.

Desmatamento e queima de combustíveis fósseis como atividades emissoras de gases de efeito estufa estão entre as causas da participação humana no índice, considerado alarmante.

A campanha Movimento pelo Clima dialoga com o evento global de maior importância sobre a crise climática, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26).

O evento reúne as principais lideranças do mundo para debater meios de conter a emissão de gases de efeito estufa e evitar catástrofes ambientais entre os dias 31 de outubro de 12 de novembro.

A campanha busca atentar aos esportistas o fato de que o aquecimento global irá colocar em risco o bem-estar encontrado pelas práticas esportivas e as próprias paisagens usufruídas nesse processo.

Eventos climáticos extremos, como secas, inundações e incêndios florestais, serão cada dia mais comuns caso nada mude. E a maior parte dessas emissões é ligada diretamente às atividades de setores de energia, transporte e alimentos.

Um Relatório Especial do IPCC recentemente atribuiu aos sistemas alimentares entre 11 e 19 bilhões de toneladas de emissões de gases de efeito por ano.

Um modelo de produção de alimentos baseado no desmatamento e degradação ambiental com uso intensivo de agrotóxicos, que ameaçam fauna, flora e a vida das populações no campo e na cidade, é contrastado por iniciativas que visam a construção de arranjos locais com conservação ambiental e geração de renda no campo.

Além disso, evitam as emissões das indústrias dos alimentos ultra processados ou alimentos advindos de outros estados, transportados por longas distâncias para distribuição no interior do país.

A Comunidade Guadalupe é uma das que têm apostado nisso cada dia mais.

“As propriedades estão em trabalho de recuperação de áreas de preservação permanente (APPs) e dispensando o uso de agrotóxicos. E isso está diretamente relacionado com a crise climática”, afirma Eduardo.

QUALIDADE DE VIDA PARA O CAMPO E PARA A CIDADE

Localizado em região conhecida como “arco do desmatamento” da Amazônia, o município de Alta Floresta já esteve entre os maiores desmatadores do bioma.

À margem da economia regional, os agricultores familiares enfrentam desafios diários de logística e negociação na competição de preços em mercados que recebem produtos advindos até de São Paulo.

As dificuldades foram intensificadas com o advento da pandemia da Covid-19, que causou o fechamento temporário de mercados institucionais e eventos como feiras de agricultores, ainda com acesso insuficiente à rede de telefonia e à internet para a venda dos produtos de forma individualizada.

Eduardo aponta como característica do ICV a proposta e missão de soluções. “Não apenas apontar os problemas, mas trazer engajamento social das pessoas nos territórios e municípios”, comenta.

“E esse evento traz essa valorização do alimento de qualidade e também promove o exercício físico. Tudo que está relacionado com a questão climática em um arranjo que busca bem-viver e saúde”, comenta.

A necessidade de uma imunidade fortalecida para o combate a um vírus ainda pouco conhecido ainda trouxe à tona a importância do acesso à alimentos saudáveis e frescos, garantida pela agricultura familiar em todo país, também responsável por mais de 80% dos alimentos do prato da população.

Atualmente, o país perpassa por altos níveis de fome e insegurança alimentar entre a população, além da tendência de aumento no consumo de alimentos ultra processados, mostram estudos.

Outro efeito da pandemia foi o aumento do sedentarismo, problema que preocupa autoridades de saúde pública.

Estima-se que mais da metade da população brasileira tenha cedido à falta de prática de atividades físicas, o que, junto com uma alimentação inadequada, é a fórmula para obesidade e problemas de saúde.

“Existe uma tendência de desembalar mais produtos industrializados do que descascar frutas, entre outros, ainda antes da pandemia”, comenta Geiziana.

Para o secretário de Esportes de Alta Floresta, Valdines Rojas – mais conhecido como Nei -, a integração entre área rural e urbana é um dos principais diferenciais do evento, um dos que inaugura a retomada gradual de eventos públicos esportivos no município.

“Leva informações sobre a prática esportiva à população rural e essa, por outro lado, nos ensina sobre a importância de uma boa alimentação e traz informações que a população urbana desconhece”, comenta o titular da pasta que está apoiando o evento.

Assessoria de Imprensa/ICV

Sobre admin

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Required fields are marked *

*

Scroll To Top