O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Mato Grosso deve fechar o ano a R$ 191,57 bilhões, novo recorde. A receita – gerada dentro das propriedades rurais – segue como a maior do País pelo quarto ano seguido.
A expansão do faturamento da agropecuária estadual é o resultado do bom momento, tanto das cotações quanto de volume produzido à soja, ao milho e ao algodão, que são as principais commodities cultivadas no Estado. No segmento da pecuária, se destacam em ganho anual de receita, a bovinocultura e a avicultura. O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. Calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país.
Dos mais de R$ 191 bilhões, R$ 157,32 bilhões virão da agricultura e outros R$ 34,24 bilhões da pecuária. Ambas as receitas estão com projeções positivas sobre o consolidado no ano passado.
Os dados atualizados, em maio, pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostram que, se confirmada a projeção ao Estado, haverá um crescimento anual de receita de 13%, com o saldo saindo de R$ 169,61 bilhões para atuais R$ 191,57 bilhões, um recorde sobre recorde.
No ranking nacional, Mato Grosso responde sozinho por 17% do total previsto para o VBP nacional, em R$ 1,11 trilhão. Na sequencia estão o Paraná com R$ 147,19 bilhões, São Paulo, R$ 124,51 bilhões, Rio Grande do Sul R$ 120,47 bilhões e Minas Gerais R$ 110,82 bilhões.
De acordo com o coordenador de Avaliação de Políticas e Informação da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Garcia Gasques, as maiores contribuições para o crescimento são observadas em arroz, milho, soja e carne bovina, que tiveram dois anos consecutivos de forte aumento de preços reais.
Na agricultura mato-grossense, das quatro commodities mais significativas, apenas a cana-de-açúcar aponta receita menor em comparação ao ano passado. Conforme esta nova atualização, passaria de R$ 2,56 bilhões para R$ 2,41 bilhões. Entre as expansões, a soja é o carro-chefe projetando o maior VBP de Mato Grosso: R$ 97 bilhões, recorde sobre um valor já histórico no ano passado, em R$ 83,96 bilhões. Entre as maiores variações anuais está o milho. A receita projetada é de R$ 38 bilhões, também inédita, contra R4 31,74 bilhões de 2020. O algodão se mantém praticamente estável em relação ao ano passado, com VBP previsto em R$ 17,56 bilhões.
Na pecuária, das cinco atividades monitoradas no Estado, apenas a bovinocultura e a avicultura têm projeção de ganhos em 2021. A primeira – atinge seu recorde – e deve contabilizar nesse ano R$ 27,44 bilhões. A segunda – está longe do recorde 2013, em R$ 4,19 bilhões – deve somar R$ 3,33 bilhões. Com perdas anuais estão a suinocultura, de R$ 1,85 bilhão para R$ 1,75 bilhão, a produção de leite, de R$ 810,37 milhões para R4 716,72 milhões e a produção de ovos, de R$ 1,05 bilhão para R$ 986 milhões.
Conforme Gasques, o crescimento do VBP pode ser atribuído, como destacado em relatórios anteriores, ao excepcional desempenho das exportações de soja em grãos e carnes, preços favoráveis e a safra de grãos, que apesar de problemas de falta de chuvas ocorridos, mesmo assim as projeções da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab) e do IBGE são de uma safra expressiva.
“Apesar de terem existido períodos de seca que afetaram lavouras, como milho e feijão, os preços têm contribuído para reduzir esse impacto. Esses efeitos foram sentidos, principalmente, no Paraná e em Mato Grosso. O milho foi particularmente prejudicado. A segunda safra, que é a mais importante, teve uma redução em relação a 2020, de 5 milhões de toneladas, e menor produtividade de grãos”. Alguns grupos vêm trazendo contribuições negativas ao crescimento da agropecuária, como a batata-inglesa, café, feijão, laranja, tomate, uvas e na pecuária, leite, suínos e ovos. Isso ocorre, segundo ele, devido a efeitos de menores preços ou de menores quantidades produzidas.
Marianna Peres/Diário de Cuiabá