Um prédio na Rua Iperoig, no bairro de Perdizes, em São Paulo, foi alvo de dois tiros durante o panelaço do último dia 31 de março, por volta das 20h20. Um dos projéteis quebrou o vidro do banheiro de um apartamento e se alojou no teto. Outro entrou pela janela do quarto e acertou um guarda-roupas.
“Eu estava participando do panelaço, mas afastada da janela, porque são comuns as manifestações agressivas de apoiadores do presidente nesses momentos”, diz a moradora da unidade.
A polícia esteve no local nesta quarta-feira (8) e, segundo a moradora do apartamento, suspeita de uma arma de chumbinho. As autoridades farão a perícia, mas outros moradores acreditam se tratar de um disparo de calibre maior.
“Sou atirador amador, tenho licença para portar armas, participo de clubes desse esporte. Ouvi os disparos naquela noite. Na mesma hora, falei para minha esposa que eram tiros”, diz Fernando Siqueira, 44, morador da rua. “Chumbinho não faz barulho”, ele diz. “Além disso, não faria uma perfuração como essa na janela do banheiro [Fernando viu a foto desta reportagem], típica de um calibre 22”, afirma.
O apartamento fica nos fundos do edifício, uma construção de três andares na altura da Rua Bartira. As janelas são voltadas os fundos de apartamentos da Rua Apiacás. “A projeção balística parece apontar como origem dos disparos um dos prédios daquela rua”, diz Paulo de Lima, síndico do prédio atingido. “Enviei um comunicado para o síndico desse prédio, mas ainda não tive uma resposta”, ele conta.
“Além de viver o período de isolamento, não posso mais abrir a janela ou chegar perto dela, porque tenho medo”, diz a moradora. “Independente de qual tenha sido a arma, o estrago que fez é grande. E, se for de chumbinho, a simbologia é terrível: é uma arma para se caçar animais”, ela diz.