Tiro e Queda, por Altair Nery
Causou enorme repercussão (nacional), como era de se esperar, o caso de um homem que entrou em um Fórum na cidade de Vila Rica, em Mato Grosso, na tarde desta segunda-feira, 01 e tentou matar o juiz Carlos Eduardo de Moraes e Silva que acabou baleado no ombro esquerdo. O autor do disparo, Domingos Barros de Sá, respondia a um processo de homicídio qualificado. Ele foi morto por policiais militares que faziam a segurança no Fórum.
Segundo o Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT), o juiz havia acabado uma audiência de custódia, quando um advogado entrou na sala, seguido pelo agressor. O homem sacou a arma e ameaçou um promotor. O magistrado interveio e, após se aproximar do réu, entrou em luta corporal com ele. Em seguida, houve o disparo.
Um policial que estava no fórum, vendo a confusão, disparou contra o atirador, que morreu no local. O juiz Carlos Eduardo foi encaminhado para o pronto-socorro do município, que fica próximo ao fórum. O magistrado, que ficou ferido no ombro, foi encaminhado a um hospital de Palmas/TO (480 km de distância) – o mais próximo de Vila Rica – para cirurgia de retirada do projétil.
Ontem, o vídeo do circuito interno, que flagrou toda a movimentação, “bombou” nas mídias sociais, sendo reproduzido em vários sites de notícias. Dentre as imagens, é possível destacar há o momento em que o juiz sai de sua sala, com a mão na altura do braço, sangrando e sendo puxado por uma servidora para uma área “longe” da confusão. São momentos de muita tensão.
Mas este não foi o primeiro caso em que um juiz foi vítima de ataque em Mato Grosso. Na semana passada (quarta-feira), outro magistrado foi vítima de agressão por parte de um advogado na cidade de Paranatinga. Jorge Hassib Ibrahim teve o gabinete invadido por Homero Amilcar Nedel e em seguida foi agredido com socos no rosto. O ataque foi praticado após o advogado reclamar de procedimentos realizados pelo juiz durante uma audiência em que a filha do agressor atuava. Antes de bater no juiz, Homero teria também tentado matar um idoso de 60 anos. O advogado se encontra preso.
Outro caso foi registrado na cidade de Nova Monte Verde, aqui mesmo no nortão. No dia 31 de agosto, o juiz Bruno César Singulani França, durante o Tribunal do Júri, foi agredido e ameaçado por um réu que arremessou uma garrafa d’água no momento em que a sentença era lida.
Antes mesmo deste atentado em Vila Rica, que culminou com um juiz baleado e o bandido morto, a Associação dos Magistrados Mato-grossenses (Amam) já realizava uma ação no sentido de elaborar um plano de segurança para garantir a segurança de juízes e desembargadores. A medida foi anunciada à imprensa, pelo juiz José Arimatéa Neves Costa, que é presidente da instituição e defende a necessidade da implantação, com base em ataques recentes a juízes, citando os dois casos menos graves citados acima (Paranatinga e Nova Monte Verde). A ação deve se intensificar a partir de agora. É o mínimo que se espera.