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TIRO E QUEDA 09/08, por Altair Nery

TIRO E QUEDA, por Altair Nery

Ontem eu fiquei impressionado com uma foto que recebi de um despacho de um delegado da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.

O caso se refere a um homem, morador de rua, que foi preso, segundo o delegado, por  fazer suas necessidades fisiológicas nos “intramuros de uma repartição pública”.

Em tom humorado, para quem lê, mas com altíssimo grau de criticidade, o delegado denuncia uma “cagalança geral, do prefeito ao secretário” e aponta que o morador de rua é inocente e foi conduzido sem justificativa plausível à lavratura de procedimento criminal, por “falta absoluta de provas. Inexistem autoria e materialidade”, aponta o documento.

O despacho pode até ser engraçado, porém é tão crítico, que fazemos questão de reproduzir na íntegra, com todos os escritos do delegado Aldo Lopes de Araújo. Segue:

“Não vislumbro justa causa com vistas a justificar a lavratura de procedimento criminal contra o conduzido, por falta absoluta de provas. Inexistem autoria e materialidade. O conduzido é morador de rua, e não achou lugar melhor para dar de corpo, obrar, grosso modo, esvaziar o intestino grosso, cagar, como se diz no idioma espontâneo do povo.  Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade. Ele não tem casa nem privada onde possa “arriar o barro”, com o se diz lá em nós. E foi trazido a esta delegacia pelo simples fato de ter cagado no intramuros da repartição pública mal cuidada e mal vigiada, quando a cagada maior é dos administradores, a partir do momento em que não cuidam direito da segurança do prédio, um espaço destinado a prestar serviço público. Trata a presente ocorrência de uma cagalança geral: do prefeito ao secretário, passando pelo diretor do órgão, pelo vigilante de faz-de-conta, pelos membros da Guarda Municipal que conduziram um homem inocente até esta Delegacia, e porque não dizer da parte deste delegado, ora fazendo uso de linguagem pouco usual, porém vigorosa, para redigir o presente despacho ”.

E por falar em cagalança (acho que vou adotar esta expressão quando for falar de política), na segunda-feira aqui no Tiro e Queda anunciei que um altaflorestense havia conseguido a vaga de suplente de senador na chapa encabeçada pela juíza federal Selma Arruda (PSL). Paulo Melo seria segundo suplente. SERIA. Não será mais. Aliás, não será nada no pleito, apenas eleitor.

Melo foi aprovado na convenção de domingo, saiu do local aonde aconteceu a reunião comemorando a indicação, deu entrevistas como suplente  de senador, mas na terça-feira,  acabou surpreendido com uma notícia veiculada pela imprensa da capital aonde o seu nome não estava listado. Como assim? Ele passou pela convenção.  Sim, só que na hora de levar a informação até a Justiça, mudaram a composição, colocando no lugar do altaflorestenses, uma ex-assessora de Selma no TJ. Isso me fez lembrar a cagalança (não falei que cabia o termo) feito há quase 8 anos, quando o atual governador Pedro Taques foi eleito Senador e levou dois suplentes, José Medeiros e Paulo Fiusa, sendo Fiusa o primeiro suplente e Medeiros o segundo suplente. Depois de tudo aprovado, atas assinadas, tudo prontinho, os malacos da política mato-grossense rasuraram a ata, falsificaram assinaturas e trocaram a ordem das figuras dos suplentes, Medeiros virou primeiro e o primeiro, virou segundo.

Quando Taques, o impoluto, saiu do Senado para concorrer o estado, seu suplente fraudado assumiu, até semana passada, pois acabou cassado. Ontem Fiusa, que é de Sinop, assumiu a vaga que, por lei, nem seria sua, já que a chapa sendo fraudulenta, como de fato foi, deveria penalizada e ensejar a posse do próximo classificado.  Mas não, a Justiça puniu Medeiros com a perda do cargo de Senador, “devolveu” o cargo para o sinopense e fez de conta que não viu Taques, o impoluto, deixando-o sem qualquer apenamento. É ou não é uma cagalança? E essa bagunça da chapa de Selma, será que não estamos diante de uma nova cagalança?

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