Capa / Em Destaque / ARTIGO: Intolerantes e chatos

ARTIGO: Intolerantes e chatos

ARTIGOSChatos são chatos e duros de aguentar, mas chatos intolerantes que se acham “politizados” se tornam perigosos e insuportáveis ao convívio social. Se acham por acreditar que conhecer uma única vertente e acreditar nela os tornam politizados e ainda se intitulam politicamente corretos (somente para si e sua catrefa).
O atual momento político e da política; o atual momento do futebol brasileiro; os embates religiosos por disputa de “clientes” e espaço na mídia somados as constantes operações policiais e agora os recentes episódios de Mariana (MG) e Paris, na França, tem deixado os chatos intolerantes piores do que são.

Usando um princípio da filosofia para generalizar a soma de características semelhantes, conceituo aqui chatos intolerantes como sendo aquelas pessoas de uma única opinião e que quando discordam da sua “verdade”, rotulam usando palavras que são clichês de vala comum para desqualificar opiniões, atitudes ou comportamentos que não sejam as suas próprias ou de seu bando.
Parafraseando um internauta anônimo: por a bandeira da França, não valoriza o Brasil. Colocar a bandeira do Brasil é fascista. Defender uma causa social é comunista. Compra algo caro é capitalista burguês. Comentar algo sobre uma mulher é macho opressor. Simpatiza com uma causa a que não pertence é oportunista. Ficar alheio é alienado. Escrever corretamente é academicista. Se relaxar no português não merece credibilidade. Criticar a Dilma é coxinha. Criticar o Aécio é petralha. Responder educadamente é arrogante. Responder amigavelmente é dissimulado… Não há mais como dialogar, pensar, curtir ou mesmo postar algo na própria rede social sem se tornar automaticamente desprezível por algum expert em chatice intolerante.
Se critica a posição de um ativista das causas das minorias (qualquer opinião, mesmo as que não sejam ligadas aos temas que eles defendem) é porque é reacionário, retrógrado, capitalista, conservador e escravagista. Se concorda com o ativista dos direitos humanos já te rotulam de “viado”. Que mundo chato vivem estas pessoas intolerantes que só tem uma opinião.
Já dizia Marilyn Monroe: “A imperfeição é bela, a loucura é genial e é melhor ser absolutamente ridículo que absolutamente chato”. O mundo que estes chatos intolerantes vivem faz mal para a saúde, é deprimente e assassino. Eliminar quem pensa diferente é permitido e prazeroso, vide torcedor de times que agride e até mata outra pessoa só por estar vestido com a camisa do time que não é o seu.
Este aumento constante e acelerado do intolerante chato; seja ele um ativista, militante, religioso, torcedor ou simplesmente um intolerante de ofício, está ficando preocupante do ponto de vista sociológico. Eles fazem guerras e banham a terra de sangue por suas causas únicas as suas causas, pois o que querem é apenas que todos pensem e sejam exatamente iguais a eles.
As redes sociais proporcionam aos intolerantes chatos a propagação do patrulhamento e apedrejamento dos que não comungam de suas ideias de forma cruel e covarde. Covarde sim, pois protegidos pelo possível “anonimato” se permitem expor suas vísceras sem o menor constrangimento. E o triste disso é que é impossível chatear um chato intolerante. Dois chatos intolerantes da mesma espécie não se chateiam. De espécies diferentes se matam.
Bem, para não me tornar um intolerante, pois chatos todos nós em algum momento somos, vou parar por aqui com uma frase de Ariano Suassuna: “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Quero apenas acreditar que dá para ser feliz ao lado de quem você, por muitas vezes, discorda e dá para discordar sem agredir, sem desqualifica-lo e sem tirar sua felicidade de existir.

*JOÃO EDISOM é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso

Sobre admin

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Required fields are marked *

*

Scroll To Top