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Entidades do setor produtivo de MT lamentam morte de Olacyr de Moraes

Empresário, conhecido como “Rei da Soja”, já foi maior produtor mundial.

Famato, Ampa e Aprosoja divulgaram notas de pesar.

 Do G1 MT
Olacyr de Moraes lutava contra o câncer (Foto: Reprodução/Facebook/Olacyr de Moraes)Olacyr de Moraes lutava contra o câncer
(Foto: Reprodução/Facebook/Olacyr de Moraes)

O empresário Olacyr de Moraes, 84 anos, conhecido como “Rei da soja”, faleceu na manhã desta terça-feira (16), às 3h40 na cidade de São Paulo. O empresário tinha câncer de pâncreas, que foi descoberto no início de 2014. Nesta manhã foi divulgada uma nota na conta oficial do Facebook de Olacyr.

A nota diz que ele acreditou no potencial agrícola do Centro-Oeste e investiu em pesquisa na produção de grãos e algodão, quando poucos acreditavam. “O resultado de seu empenho fez com que ele ganhasse o apelido de ‘O Rei da Soja’ por se tornar o maior produtor mundial desse grão no mundo e ajudando a elevar o Brasil à posição de um dos maiores produtores agrícolas do planeta. […] Todos sentiremos muitas saudades.”.

Durante sua carreira chegou a ter mais de 40 empresas nos setores de construção civil, agrícola e exploração de minérios.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, a morte do empresário é uma grande perda para o agronegócio brasileiro, em especial para o Centro-Oeste. “Pois Olacyr foi um dos grandes visionários do potencial agrícola da nossa região. Não era à toa que todos o conheciam como o ‘Rei da Soja’. Aos familiares e amigos nossos sinceros sentimentos”, diz.

“Olacyr foi um desbravador e empreendedor, apostou na agricultura no Centro-Oeste e investiu na produção e pesquisa de grãos”, diz Ricardo Tomczyk, presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT). A nota dizia que a Aprosoja presta condolências a toda família e amigos de Olacyr. “Que Deus conforte seus corações”.

Já a nota de pesar da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) presta sua solidariedade à família e aos amigos do empresário, que foi pioneiro no plantio do algodão em Mato Grosso em escala empresarial, no início da década de 1990. O empresário investiu recursos próprios numa pesquisa que culminou com o lançamento da variedade CNPA ITA 90, pelo Centro Nacional de Pesquisa de Algodão (atual Embrapa Algodão).

“A contribuição de Olacyr ao boom do agronegócio brasileiro e à inserção de Mato Grosso no ranking dos maiores produtores de fibra e grãos é inestimável”, diz a nota da Ampa.

O corpo de Olacyr de Moraes está sendo velado no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, e será cremado.

Biografia

No site oficial do empresário, consta uma biografia de Olacyr Moraes.

O empresário Olacyr Francisco de Moraes nasceu em Itápolis, interior do estado de São Paulo, no dia primeiro de abril de 1931. Aos oito anos seus pais se mudaram para a capital e já aos 14 anos Olacyr começou a trabalhar auxiliando seu pai que era vendedor de máquinas de costura.

Aos 19 anos, junto com seu irmão Odimir e seu pai, Olacyr começou a sua carreira de empresário constituindo a empresa de transporte de cargas ‘Argeu Augusto de Moraes e Filhos Ltda’. Em 1957 nascia então a empresa Construção e Transportes Constran Ltda, uma sociedade em partes iguais entre Olacyr e seu irmão Odimir.

Em 1967, Olacyr junto a um grupo de empresários, criou a Orpeca S.A.cujo objetivo era a criação e a engorda de gado no norte do estado do Mato Grosso, uma região até então inóspita. Em 1973, iniciou uma bem sucedida atividade agrícola com a constituição da empresa Itamarati Agro Pecuária S.A., localizada na cidade de Ponta Porã, no estado doMato Grosso do Sul.

A Fazenda Itamarati contava com uma área total de 50 mil hectares onde eram cultivados principalmente soja, milho, arroz, trigo e algodão. Uma área menor da fazenda era destinada a estudos, produção e desenvolvimento de sementes certificadas de arroz, soja, trigo, algodão, feijão, girassol e sorgo. Na época, o solo da região não era o ideal para os espécimes de soja produzidos no Brasil. Para se tornar o projeto viável, Olacyr teve que investir muito em pesquisa em laboratórios próprios construídos para isso que contaram com a colaboração de um convênio feito com a EMBRAPA e a Universidade Federal de Viçosa. Foram desenvolvidas mais de 3000 linhagens diferentes de soja e trigo.

O empresário Olacyr de Moraes (Foto: Reprodução/Facebook/Olacyr de Moraes)O empresário Olacyr de Moraes ficou conhecido
como “Rei da soja”.
(Foto: Reprodução/Facebook/Olacyr de Moraes)

Em 1975 no município de Diamantino (MT), a apenas 300 km de Cuiabá, Olacyr inaugurou a empresa Itamarati Norte S/A que ocupava uma área total de 110 mil hectares, onde passou a produzir principalmente soja, milho e algodão. As técnicas de otimização desenvolvidas por ele e aplicadas na Fazenda Itamarati e na empresa Itamarati Norte S/A Agropecuária obtiveram tamanho sucesso que alçou Olacyr ao título de ‘Rei da Soja’ nos anos 80, por ser indiscutivelmente o maior produtor individual de soja do mundo.

Em 1979, Olacyr diversifica ainda mais suas operações inaugurando a empresa Calcário Tangará na cidade de Tangará da Serra, também no estado do Mato Grosso, e, em 1985, funda a Calcário Itamarati na cidade de Bela Vista, no estado do Mato Grosso do Sul.

A partir de 1980, no Chapadão dos Parecis, município de Nova Olímpia (MT) a apenas 200 km de Cuiabá, Olacyr construiu e operou a empresa Usinas Itamarati S/A, proprietária de aproximadamente de 100 000 ha de terras no estado de Mato Grosso, cultivando principalmente cana-de-açúcar em terras próprias e de terceiros.

Foi também no Chapadão dos Parecis que em 1989 Olacyr iniciou um programa de melhoramento genético do algodão brasileiro. O resultado de tanta pesquisa e desenvolvimento junto com a EMBRAPA gerou a criação de uma variedade de algodão (ITA90) de alta produtividade e graças a ela, o Brasil deixou de ser um grande importador para ser um dos maiores exportadores de algodão do mundo. Olacyr também é o maior recordista de produção de milho em terras brasileiras.

Decepção

As empresas de Olacyr cresciam mas, na década de 90, Olacyr fez um acordo com o governo de Mato Grosso para construir duas usinas hidrelétricas (JUBA I e JUBA II, com capacidade total instalada de 84 megawatts) onde a energia elétrica excedente seria vendida a CEMAT, concessionária de energia do estado, com o compromisso de que o governo estadual investisse nas linhas de transmissão de energia. O governo não fez nada e as hidrelétricas ficaram paradas por mais de um ano.

Outra decepção com o poder público veio com a Ferronorte, primeira ferrovia executada pela iniciativa privada no país, que visava funcionar como um importante corredor de escoamento de grãos produzidos na região Norte e Centro-Oeste do Brasil para o porto de Santos em São Paulo. Para viabilizar o negócio, foi acordado que o governo do Estado de São Paulo ergueria uma ponte sobre o Rio Paraná ligando Mato Grosso a São Paulo e Olacyr construísse a ferrovia.

Olacyr cumpriu sua parte, mas o governo do estado de São Paulo, não. Somente depois de quase oito anos após uma intervenção do governo federal a ponte ficou pronta gerando um enorme prejuízo ao grande investimento feito por Olacyr. Para complicar ainda mais, na mesma época suaConstran levou um tremendo calote de vários governos estaduais que promoviam diversas obras públicas de grande porte visando seus interesses eleitorais sem ter recursos suficientes para honrar os acordos.

Sobre Kariny Santos

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