Ontem foi deflagrada uma operação da Polícia Fazendária que visa desbaratar uma quadrilha que atuava desviando recursos do Proac – Programa de Incentivo à Cultura no Estado de Mato Grosso. O programa é gerido pelo Fundo Estadual de Cultura e é um dos principais mecanismos para fomento à cultura, e que o estado tem para propagar seus artistas e consequentemente a sua arte. O nome da operação é “Alexandria” .
O alvo principal da operação é o conselheiro Alceu Cazarin e sua esposa Elaine Cazarin, por quem teria passado mais de um milhão e meio de reais em projetos fajutos que sequer existiam. Todo o dinheiro dos projetos seria, segundo a investigação, destinado ao casal. As investigações prosseguem, foram presos 22 pessoas, e segundo o que se apurou, houve busca e apreensão na região de Alta Floresta. Sabe-se que uma pessoa teria sido presa na cidade de Nova Monte Verde, não há informações mais detalhadas sobre isso.
A operação foi sugerida pela própria Secretaria de Cultura do Estado, pela ex-secretária de Cultura Janete Riva, hoje candidata ao governo de Mato Grosso.
Mas, vejamos:
Eu, particularmente, já tive alguns embates com membros da secretaria estadual de cultura por conta justamente da falta de transparência nas ações desenvolvidas pelo Conselho Estadual de Cultura. Cheguei até mesmo, há cerca de três anos, a protocolar um ofício na Secretaria, pedindo informações do porque, na época, não cumpriram o edital que, em determinado setor (da música) aprovou projetos da baixada cuiabana, que pela previsão deveria ser do interior. Nada disso. Eles manuseiam o edital do jeito que querem e aprovam o que querem para beneficiar uma meia dúzia de puxa sacos. Esta é a verdade. Até ontem não veio resposta do oficio enviado há mais de três anos.
Mas o que mais me deixou surpreso é saber de onde partiu a denuncia que culminou na ação, a própria secretaria de cultura, através da ex-secretária como já dito.
A Polícia Fazendária tem 25 mandados de prisão temporária, 22 já foram cumpridos. Cumpriu-se sete buscas e apreensão e duas pessoas foram conduzidas coercitivamente para interrogatório. Todos os envolvidos identificados na investigação vão responder por crimes de bando ou quadrilha, peculato desvio, ameaça, crimes contra a fé pública e lavagem de dinheiro. Foram analisados 541 projetos culturais, sendo 337 da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso, com movimentação total de R$ 15 milhões de recursos do Proac, dos quais a Polícia Civil identificou irregularidades em 49 projetos.
Segundo o delegado GianMarco Pacola Capoani, que é o responsável pelas investigações, há um segundo conselheiro envolvido e que deverá ser investigado. Capoani disse que o esquema é muito grande e que há várias pessoas envolvidas, a maioria não são sequer ligados á cultura, que se faziam passar por produtores culturais, para abocanhar os projetos, cujos recursos teriam sido transferidos para o casal e, com a real possibilidade de outros conselheiros estarem envolvidos.
Enfim… o que dizer? Fica claro, o porque de projetos realmente culturais raramente serem aprovados, de pouco, ou nada adianta elaborar um projeto competente, bem elaborado, se na hora da votação é um “jogo de cartas marcadas”. É triste, mas é a verdade, quem sabe agora, com esta exposição toda na mídia, as coisas mudam. Eu ainda acredito.