A área minerada cresceu seis vezes entre 1985 e 2020, segundo a mais recente análise temporal do território brasileiro feita pelo MapBiomas. Em extensão, Mato Grosso está entre os três estados em área total minerada abrangendo 25.495 hectares (ha), com predominância do garimpo (22.987 ha). Os dois primeiros são o Pará com 110.209 ha e Minas Gerais com 33.432 ha.
Dados como estes resultam da análise de imagens de satélite com o auxílio de inteligência artificial, expressa o salto de 31 mil hectares em 1985 para um total de 206 mil hectares no ano passado, no país. Segundo o MapBiomas, boa parte desse crescimento se deu mediante a expansão na floresta amazônica.
O estudo aponta que, em 2020, três de cada quatro hectares minerados no Brasil estavam na Amazônia. O bioma concentra 72,5 % de toda a área, incluindo a mineração Industrial e o garimpo. São 149.393 ha; destes, 101.100 ha (67,6%) são de garimpo. A quase totalidade (93,7%) do garimpo do Brasil concentra-se na Amazônia. No caso da mineração industrial, o bioma responde por praticamente a metade (49,2%) da área ocupada por essa atividade no País.
Conforme informações da assessoria de imprensa do MapBioma, a expansão do garimpo coincide com o avanço sobre territórios indígenas e unidades de conservação. De 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas cresceu 495%; no caso das unidades de conservação, o crescimento foi de 301%. No ano passado, metade da área nacional do garimpo estava em unidades de conservação (40,7%) ou terras indígenas (9,3%).
“Pela primeira vez, a evolução das áreas mineradas é apresentada para a sociedade, mostrando a expansão de todo o território brasileiro desde 1985. Tratam-se de dados inéditos que permitem compreender as diferentes dinâmicas das áreas de mineração industrial e garimpo e suas relações, por exemplo, com os preços das commodities, com as unidades de conservação e terras indígenas”, afirma Pedro Walfir, professor da Universidade do Pará (UFPA) e coordenador do Mapeamento de Mineração no MapBiomas.
No caso do Pará, a maior parte dessa área é ocupada pelo garimpo (76.514 ha, contra 33.695 há de mineração industrial). Em Minas Gerais, a quase totalidade é ocupada pela mineração industrial (32.785 ha). O Mato Grosso repete o padrão do Pará, com predominância do garimpo (22.987 ha).
Quando a área industrial e garimpeira são somadas, apenas três estados são estão presentes no ranking dos 10 municípios de maior área minerada: Mato Grosso, Pará e o Amazonas. O primeiro, segundo e terceiro lugar – Itaituba (44854 ha), Jacareacanga (9.450 ha) e Oriximiná (6.278 ha) – ficam no Pará. O quinto é Peixoto de Azevedo (5.736 ha), em Mato Grosso.
“Garimpo e mineração industrial diferem também em relação ao fruto da exploração mineral. Enquanto produção de ferro (25,4%) e alumínio (25,3%) respondem por metade da área de mineração industrial, 86,1% da área garimpada está relacionada à extração de ouro”, aponta a pesquisa.
Ainda, conforme a assessoria do MapBioma, em área total minerada, a Amazônia lidera com 72.5 % (149.393 ha), enquanto a Mata Atlântica é o bioma que aparece em um distante segundo lugar, com 14,7% (30.278 ha), seguida pelo Cerrado, com 9.9% (20.509 há). No Pantanal, atinge 0.02% (39 ha). Na mineração industrial, a Amazônia contém 49.2 % (48.342 ha) da área total e o Cerrado, 15,7% (15.392 ha).
“Os produtos da Mineração são fundamentais para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Esperamos que estes dados contribuam para a definição de estratégias para acabar com as atividades ilegais e estabelecer uma mineração em bases sustentáveis respeitando as áreas protegidas e o direito dos povos indígenas e atendendo os mais elevados padrões de cuidado com a biodiversidade, solo e a água”, destaca Tasso Azevedo, coordenador Geral do MapBiomas.
Diário de Cuiabá