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Comércio deve ter pior Páscoa desde 2008, estima CNC

O faturamento do comércio na Páscoa em 2021 deve ser ainda menor do que o do ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

No segundo ano da pandemia, a CNC estima que a quinta data comemorativa mais importante do varejo brasileiro deverá movimentar R$ 1,62 bilhão, o menor volume desde 2008 e o correspondente a uma retração de 2,2% na comparação com 2020. Vale lembrar, porém, que no ano passado já foi registrado um tombo de 28,7% na arrecadação do comércio na Páscoa.

Comércio deve ter pior Páscoa desde 2008, estima CNC — Foto: Divulgação CNC

Segundo a CNC, os impactos da pandemia na renda da população, a redução de importados e o fechamento do comércio às vésperas do feriado explicam a baixa expectativa.

“ESSE É UM SEGMENTO QUE, HISTORICAMENTE, DEPENDE DE UM CONSUMO PRESENCIAL. AINDA HÁ UMA GRANDE DIFICULDADE DE ADAPTAÇÃO DAS VENDAS ON-LINE PARA A COMPRA DE ITENS COMO CHOCOLATE, OVOS DE PÁSCOA E PRODUTOS DE SUPERMERCADO, APESAR DE TODOS OS AVANÇOS JÁ FEITOS PELAS EMPRESAS”, AFIRMA O PRESIDENTE DA CNC, JOSÉ ROBERTO TADROS.

Endividamento, inflação e dólar alto

A entidade destaca que, de acordo com dados do Banco Central, 28,4% da renda dos brasileiros está comprometida com o pagamento de dívidas – o maior patamar da série, iniciada em 2005. “É o que chamamos de tempestade perfeita”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo.

A CNC observa ainda que a Semana Santa de 2021 deverá ocorrer antes do início do pagamento da nova rodada do Auxílio Emergencial, programa assistencial que “permitiu ‘desafogar’, ainda que parcialmente, o orçamento das famílias ao longo do ano passado”.

Já a desvalorização cambial de 23% nos últimos 12 meses encareceu a importação de produtos típicos, o que também inibe o consumo em 2021.

Segundo a CNC, a quantidade de chocolates importada este ano (2,9 mil toneladas), por exemplo, foi a menor desde 2013 (2,65 mil toneladas). Já a importação de bacalhau (2,26 mil toneladas) foi a mais baixa desde a Páscoa de 2009 (1,43 mil toneladas).

“A tendência é de que esses produtos fiquem mais caros neste ano, destacando-se as altas esperadas no azeite de oliva (18%), bebidas alcóolicas em geral (10,6%) e chocolates (7%)”, observou.

Outras pesquisas

Em São Paulo, a expectativa da Associação Paulista de Supermercados (APAS) é de aumento nominal (sem considerar a inflação) de 5,5% nas vendas em relação ao ano passado. Segundo o presidente da APAS, Ronaldo dos Santos, o setor observa em 2021 uma continuidade no crescimento das vendas de produtos mais baratos e menores, como bombons e caixas/barras de chocolate.

Na avaliação da consultoria Kantar, diante das incertezas relacionadas à pandemia, o desempenho das vendas de Páscoa deve ser semelhante ao observado no ano passado. “Em 2020, quando as medidas de distanciamento social começavam a vigorar, a queda na penetração de itens de Páscoa foi de 16 pontos percentuais em relação a 2019, representando aproximadamente 9 milhões de domicílios que abandonaram o evento”, destacou a empresa em estudo divulgado na semana passada.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Balas e Derivados (Abicab), em 2020 foram produzidas 8,5 mil toneladas de chocolates para o período de Páscoa, uma queda de 15% na comparação com os 10 milhões da Páscoa de 2019.

A Abicab não divulgou uma projeção para 2021, mas o número de lançamentos dos grandes fabricantes para a Páscoa, por exemplo, caiu de 132 em 2020 para 95 neste ano.

Fonte: G1

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