Com quatro salários atrasados, nove médicos que trabalham no Hospital Regional de Alta Floresta, fizeram uma carta descrevendo os problemas da unidade e reclamando das consequências dos atrasos na vida deles, pois não conseguem pagar as contas pessoais. O documento, que classifica a situação dos profissionais como “humilhante”, foi entregue nesta quarta-feira (29) à direção do hospital, que desde 2014 está sendo administrado pelo governo do estado.
O advogado Carlos Eduardo Barbosa Lima, que representa os médicos, afirmou que a direção da unidade alega que os pagamentos serão efetuados depois que a Secretaria Estadual de Saúde (SES) repassar as verbas em atraso. A Secretaria de Saúde foi informada sobre a reivindicação dos médicos, mas ainda não se manifestou sobre o assunto.
Cópias desse documento, segundo o advogado, serão encaminhadas ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT).
Os médicos reivindicam o recebimento dos salários referentes aos meses de novembro e dezembro de 2016 e de janeiro de fevereiro deste ano.
“A falta de dignidade e a dificuldade financeira, em adimplir simples compromissos como contas pessoais de água, energia, aluguel e de alimentação, faz com que gere insatisfação com a atual situação, é simplesmente humilhante trabalhar e não receber”, dizem os profissionais, em trecho da carta.
Eles argumentam sobre a necessidade de se pagar imediatamente os salários atrasados, que, somados devem passar de R$ 750 mil, para que consigam programar o pagamento de suas contas. Os atrasos, de acordo com a categoria, impedem que a categoria exerça as atividades com dignidade. “Não é possível exercer com dignidade a profissão de médico sem a adequada remuneração”.
O reajuste de salário também é reivindicado pelos médicos, que alegam não ter recebido aumento desde 2015. Eles sustentam que “o salário mínimo, subiu, os preços dos produtos subiram, os impostos subiram e o poder de compra da categoria foi diminuído”, enquanto a remuneração continua a mesma. “Existe a necessidade de correção dos valores pagos pelo mínimo do índice INPC, a fim de reestabelecer a compensação monetária dos salários pagos”, enfatizam os profissionais, no documento.
Além de reivindicar o pagamento de salário, os profissionais elencam outros problemas da unidade, como a falta de médico para fazer o trabalho de triagem, que, atualmente, é exercido por um enfermeiro. “Com o mais amplo respeito ao profissional de enfermagem, este não é o profissional ideal para classificação do quadro do paciente. O profissional ideal é o médico”, argumentam.
De acordo com os médicos, há graves problemas estruturais no repouso médico masculino, que não tem banheiro para os profissionais do sexo masculino. Sem banheiro, eles dizem que são obrigados a usar o banheiro público dos médicos. Também não há banheiro no quarto de repouso masculino.
No hospital também não tem uma sala para que os médicos possam discutir com sigilo os casos dos pacientes na passagem de plantão. Por falta desse espaço, eles dizem que têm que conversar sobre esses assuntos em corredores ou mesmo ao lado de outros pacientes. “É imperiosa a necessidade de espaço reservado a esse fim, com a garantia do exercício da ética médica de sigilo dos casos dos pacientes”, alega a categoria.