Uma família de Poá tenta enterrar um joelho amputado desde quarta-feira (17). O membro de José Evangelista dos Santos, de 60 anos, foi retirado durante uma cirurgia na Santa Casa de Suzano na terça-feira (16) por causa de uma inflamação no osso. Segundo a família, o joelho foi entregue sem nenhuma explicação por uma enfermeira na quarta-feira.
Na manhã desta quinta (18) a esposa do paciente, Lindalva Batista dos Santos, foi até a delegacia de Poá para registrar um boletim de ocorrência sobre a entrega do membro por parte do hospital. “Eles ligaram na quarta-feira (17), pedindo para irmos à Santa Casa. O meu filho foi até lá e chegou em casa com o joelho na caixa. Ele disse que uma funcionária pediu para ele assinar um papel, mas não disse o motivo. Depois entregou a caixa para ele”, contou Lindalva.
O filho, Wellington dos Santos explicou que o papel que ele assinou era uma autorização de amputação. “Assinei este documento e ela me entregou a caixa”, detalhou.
Lindalva também disse que ainda que ligou no 190 e o policial ficou espantando com a pergunta. “Eu expliquei a situação e perguntei o que faria com o joelho. O policial disse que eu não devia ficar com ele e disse para eu ligar para o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) e denunciar o caso para a imprensa.”
Nem na delegacia Lindalva conseguiu resolver o problema. “Eles disseram que como a amputação foi em Suzano eu preciso registrar o boletim na delegacia de lá”, desabafou.
Durante a tarde desta quinta-feira, Lindalva pretende ir até uma funerária em Poá para tentar encaminhar o sepultamento do joelho. “Eu tenho apenas um papel que comprova que o meu marido fez uma cirurgia de amputação do joelho na Santa Casa de Suzano. Vou ver se com esse documento consigo fazer o enterro. O meu filho que trabalha em Suzano vai tentar registrar um boletim de ocorrência na delegacia da cidade. Vou juntar esse documento também”, disse Lindalva.
O interventor do hospital, Marcelo Carlos Godofredo, disse às 14h40 que está fazendo uma apuração para verificar o que ocorreu neste caso.
Procedimento correto
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) , “os resíduos dos serviços de saúde devem ser gerenciados conforme os procedimentos estabelecidos pela Resolução da Diretoria Colegiada – RDC Anvisa n. 306/2004, assim como pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, n. 358/2005”. A agência ainda informou que em caso de membro amputado, após o registro no local de geração, deve ser encaminhado para sepultamento em cemitério ou para tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente licenciado.
A Anvisa ainda acrescentou que “um órgão amputado somente deve ser repassado ao paciente ou aos familiares caso esses tenham requisitado o membro. Caso contrário, compete ao Serviço de Saúde o descarte desse membro.”
Entenda o caso
De acordo com a família, José Evangelista dos Santos foi atropelado em 2000. Desde então, ele sofre de osteomelite aguda, que é a inflamação aguda dos ossos, em uma das pernas. Lindalva Batista dos Santos contou que em 12 de junho de 2013 ele amputou a perna na Santa Casa de Suzano. “Os médicos preservaram o joelho para ele usar uma prótese, mas no dia 24 de junho ele foi internado com a doença no joelho também”. Então, no dia 16 de julho, foi feita no hospital a amputação do joelho.
As duas cirurgias foram feitas na unidade 2 da Santa Casa, segundo a família, mas o paciente está internado na unidade 1, para onde voltou depois de cada operação. Ela destacou que na primeira amputação o procedimento foi outro. “Eles nos deram um papel para levarmos até a funerária que depois foi buscar a perna na Santa Casa e, então, fizemos o sepultamento.”
Santos continuava internado na unidade 1 do município até o final da manhã desta quinta-feira.
FONTE: G1