Mesmo após as reduções feitas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, os preços daspassagens de ônibus cobrados no Brasil estão entre os que mais pesam no bolso do consumidor, considerando-se 12 grandes cidades do mundo. É o que mostra um levantamento feito pelo professor da FGV Samy Dana e pelo economista Leonardo Siqueira de Lima.
O cálculo foi feito a partir da comparação do preço das passagens de cada cidade e da renda per capita média dos trabalhadores. Os valores foram calculados em dólar. Foram consideradas as cotações das moedas de cada cidade apuradas na tarde desta terça-feira (25).
A cidade de São Paulo aparece como aquela em que o transporte público mais pesa no bolso. O preço dapassagem na capital paulista, de R$ 3 (após a revogação do aumento anunciada há alguns dias), equivale a US$ 1,36. O rendimento médio por hora dos paulistanos, segundo a pesquisa, é de US$ 6,03.
Dividindo-se o preço pelo rendimento médio por hora, chega-se à quantidade de horas necessárias para se pagar a passagem: 0,23 hora. Isso equivale a 13,8 minutos.
Em outras grandes cidades, a passagem custa mais. Mas, como o rendimento médio dos trabalhadores também é mais alto, o peso no bolso do consumidor é mais baixo.
Em Londres, no Reino Unido, por exemplo, a passagem custa o equivalente a US$ 3,69. A renda média por hora na capital britânica é de US$ 20,67. Assim, é preciso trabalhar 0,18 hora para pagar a passagem de ônibus na cidade, ou 10,8 minutos. A cidade aparece em terceiro lugar no ranking feito pelo economista.
Em Otawa, no Canadá, onde o preço da passagem é de cerca de US$ 2,48, a renda média por hora é de US$ 26,43. Assim, 0,09 hora de trabalho é suficiente para pagar a passagem, ou 5,4 minutos.
“O preço do transporte no Brasil é alto, mas a qualidade é ruim. O dinheiro do governo não é usado de forma eficiente como lá fora: muitas vezes, gasta-se mais aqui com funcionários, por exemplo, do que é necessário em outros lugares. Para melhorar, é preciso que tenhamos parâmetros internacionais de qualidade”, diz Samy Dana.
A pesquisa foi feita a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Banco Mundial e do site das prefeituras de cada cidade.