Em um espaço aberto próximo à estação de trem na cidade de Soweto, na África do Sul, vários jovens em seus 20 e poucos anos fumam nyaope, um novo coquetel de drogas.
Alguns deles parecem mortos-vivos de tão alterados.
“Estava estudando, mas abandonei por causa das drogas. Deixei a escola aos 14 anos”, diz Thuli, com os olhos vidrados.
Ela diz não ver futuro para si própria.
Thuli tem apenas 16 anos e está dependente de uma droga extremamente viciante que está se espalhando pelo país, fazendo novas vítimas diariamente.
O nyaope é um pó esbranquiçado – heroína de baixa concentração misturada com ingredientes como veneno para rato e, em alguns casos, até mesmo farelos de remédios para pacientes com HIV.
Polvilhado sobre maconha, faz um coquetel altamente viciante e destrutivo.
“Eu preciso fumar esta coisa. É nosso remédio. Não podemos viver sem. Se eu não fumar, fico doente”, diz outro usuário, que prefere não dar seu nome, entre baforadas da droga.
Aprisionados
Apesar de estarem trastornados, esses dependentes dizem que querem largar o nyaope porque percebem que foram aprisionados por uma droga que os está levando para um caminho sem volta.
“Quando éramos jovens, fumamos maconha primeiro, no colégio, antes de começar com as coisas mais pesadas”, diz Kabelo, um depedente de 32 anos.
“Agora a juventude está começando com o nyaope – direto com as coisas pesadas”, observa.
Enquanto enrola outro cigarro da droga com seus dedos de unhas pintadas de rosa, Nomyula, de 23 anos, comenta o futuro: “Minha família quer me ajudar. Eles acham que a prisão será boa para mim como uma reabilitação”.
Ao custo de cerca de R$ 4,50 a dose, a droga é relativamente barata.
Mas conforme ela vai afetando a vida dos usuários, muitos deles logo começam a roubar para sustentar o vício.
Eles fazem inimigos em suas próprias famílias e na comunidade.
FONTE: UOL