Uma garota americana está lutando pela vida após nadar em um parque aquático e contrair um parasita que “come” o cérebro. Kali Hardig, de 12 anos, pegou um tipo de meningite causado por uma ameba rara chamada Naegleria fowleri, que quase sempre causa uma infecção fatal.
A menina, que vive em um subúrbio perto da cidade de Benton, no Arkansas, foi diagnosticada em julho. Segundo o médico Mark Heulitt, um dos especialistas que atendem a paciente, há relatos de apenas dois sobreviventes a essa doença até agora – um nos EUA e outro no México. Kali, portanto, pode ser a terceira.
No dia 19 de julho, a mãe da garota, Traci Hardig – que luta contra um câncer de mama –, levou a filha com febre alta para o Hospital Infantil do Arkansas, em Little Rock, onde ela está sendo tratada. Para as autoridades de saúde americanas, o sucesso de Kali se deve em grande parte à detecção e ao diagnóstico precoces da doença, e a um tratamento experimental.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Arkansas, em entrevista à agência de notícias Associated Press, o parque aquático onde a menina nadou está fechado. O local tem um lago com areia no fundo, e é provável que Kali tenha entrado em contato com o protozoário ali.
Desde 1962, foram relatados cerca de 130 casos dessa forma de meningite nos EUA, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país.
Como a ameba age
A Naegleria fowleri é frequentemente encontrada em água doce, como lagos, rios e nascentes de água quente.
Esse parasita nada livremente e, em geral, entra no corpo pelo nariz, enquanto as pessoas nadam ou mergulham.
Ele pode, então, chegar até o cérebro e causar uma infecção devastadora, conhecida como meningoencefalite amebiana primária.
Os sintomas iniciais costumam começar dentro de um a sete dias e podem incluir dor de cabeça, febre, náusea e vômitos. A doença progride rapidamente, e outros sinais comuns são rigidez no pescoço, confusão, perda de equilíbrio, convulsões e alucinações.
Além disso, a infecção destrói o tecido cerebral e pode causar edema (acúmulo de líquido) e morte.
Cuidados com Kali
Segundo o médico Heulitt, a equipe responsável pela paciente resfriou o corpo dela para tentar reduzir o inchaço. Além disso, ela foi tratada com um medicamente usado normalmente para câncer de mama e mantida sob ventilação mecânica por mais de duas semanas. Desde então, Kali tem feito “progressos incríveis”, avalia o especialista.
Agora, a adolescente já respira por conta própria. Embora ainda não possa falar, ela é capaz de escrever o próprio nome e responder a perguntas dos médicos e da família. Exames também não mostram mais sinais do parasita no organismo.
A garota ainda terá algumas semanas de recuperação pela frente, mas a família já comemora sua vitória.
Mais um caso
A mãe de Kali agradece a todas as pessoas ao redor do mundo que enviaram orações e desejos de melhora para a filha. Traci também está tentando sensibilizar a população sobre outro caso da doença: o adolescente Zachary Reyna, de 12 anos, na Flórida.
O garoto está sendo tratado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Infantil de Miami. Segundo a família dele, que mora na cidade de LaBelle, o menino se infectou enquanto brincava com amigos em uma vala perto de casa.
“Estamos orando para que ele seja o quarto sobrevivente”, diz Traci.
Fonte: G1