Os candidatos a governador do estado de Mato Grosso participaram de um debate pela Rede Record, ontem, o primeiro na atual campanha e, claro, houve bate boca e trocas de acusações. Lúdio Cabral (PT), Pedro Taques (PDT), José Riva (PSD) Muvuca (PHS) e José Roberto (PSOL).
Como não poderia ser diferente, a questão que envolve a corrupção foi um dos temas debatidos. Por este motivo, corrupção, dois dos candidatos entraram no olho do furacão na Operação Ararath, em dois momentos distintos. O esquema investigado pela Polícia Federal funcionava com participação de políticos do estado de Mato Grosso e com a atuação de um “banco clandestino” que gerava transações financeiras em nome de interesses variados em diversos níveis dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Os candidatos José Riva e Pedro Taques tiveram seus nomes envolvidos na operação.
O candidato Pedro Taques, na primeira fase da operação, foi flagrado em um telefonema com um dos investigados, e que inclusive fez parte, a transcrição do telefonema, do inquérito da PF. Taques também é citado em outro momento, quando a PF investiga um empresário de factoring, suspeito de lavagem de dinheiro, que curiosamente figurava como um dos maiores doadores da campanha para Senador de Taques, cuja filha, à época da investigação, era funcionária de gabinete do senador em Brasília, no mínimo, “ligações perigosas”, pra não dizer estranhas.
Já Riva, há poucos dias de iniciar o processo eleitoral, foi preso na nova fase da operação Ararath, levado à prisão federal em Brasília, mas por ter foro privilegiado responderá o processo em liberdade. Os motivos da prisão de Riva foram os mesmos que motivaram a ação da PF na qual Taques é citado “denúncias de lavagem de dinheiro, peculato e crimes contra o sistema financeiro nacional a partir da factoring”.
Perguntado sobre seu envolvimento na operação, Pedro Taques limitou-se a dizer que não estava sendo investigado. Só que não…
O assunto incomoda o candidato, tanto que, na semana passada, ele tentou judicialmente, “censurar” Riva, após uma entrevista à TV Centro America, pedindo que ele se abstenha de ligar Pedro Taques e a sua esposa, à Operação Ararath. Não conseguiu, teve negada a sua pretensão.
Mudando de assunto, mas continuando na operação Ararath
Na época da operação foi divulgada uma lista, que inclusive faz parte do inquérito da Polícia Federal, com promotores de justiça que teriam supostamente recebido dinheiro de Eder Moraes, o ex-secretário da Secopa que foi preso na operação. O documento foi apreendido na residência de Éder, que foi apontado como operador de “instituição financeira clandestina” que movimentou cerca de R$ 100 milhões supostamente oriundos de desvios de recursos públicos para financiamento de campanhas eleitorais em Mato Grosso.
A planilha citada pela Procuradoria da República tem 47 nomes de promotores e procuradores do Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Na lista aparece o nome do Promotor Marcelo Vacchiano, que atuou durante muitos anos em Alta Floresta. O nome de Vacchiano aparece ao lado de três valores, “R$ 599.144,13”, “R$ 440.059,78” e “330.044,84”. O primeiro refere-se, segundo a planilha, a “valor original”, o segundo, “valor corrigido” e o terceiro como sendo “pagar”. O material foi apreendido com Moraes. Na época o procurador-geral, Paulo Prado, que também aparece na planilha, disse que os valores que constam da planilha são relativos a créditos trabalhistas dos promotores e procuradores de Justiça.