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Julgamento de Bolsonaro deixará claro que democracia sabe militar por sua conservação, diz Gilmar

Decano do Supremo Tribunal Federal rechaça anistia e defende, em evento na Itália, que responsabilização dos envolvidos na trama golpista é ‘fundamental’ para evitar novas investidas antidemocráticas

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira, 3, que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos outros sete réus do “núcleo crucial” da trama golpista é histórico e vai “deixar claro” para todos que cogitarem afrontar a democracia brasileira que ela “sabe militar por sua própria conservação“.

Bolsonaro e seus aliados começaram a ser julgados nesta semana. Os dois primeiros dias foram reservados para acusação e defesas apresentarem seus argumentos. Os votos terão início na próxima terça-feira, 9, a começar por Alexandre de Moraes, relator do processo.

Gilmar Mendes defendeu que a responsabilização dos envolvidos é “fundamental para que nada parecido jamais se repita”. Com a declaração, o ministro sinaliza que o STF deve enterrar qualquer projeto do Congresso que busque anistia para os condenados do 8 de Janeiro. Se a PEC da Anistia for aprovada, o tribunal pode ser acionado para julgar a constitucionalidade do perdão aos golpistas.

Na abertura do julgamento, nesta terça, 2, Moraes fez um discurso alinhado com o decano e defendeu que a impunidade aos golpistas não é uma opção para a pacificação do Brasil.

O julgamento dos líderes do plano de golpe ocorre em um contexto de pressão internacional, com medidas de retaliação do presidente dos Estados UnidosDonald Trump, sobre os ministros, como sanções econômicas e o cancelamento de vistos.

Sem mencionar abertamente o governo americano, Gilmar Mendes afirmou que o Poder Judiciário tem que lidar com “ofensivas externas” à sua independência, mas assegurou que o STF está preparado para enfrentar “todas as ameaças contra si e sua independência, venham de onde vierem”.

 “O povo brasileiro e suas autoridades têm sofrido, nos últimos dias, agressões até então inconcebíveis à sua dignidade e independência por parte de um governo estrangeiro: tarifas comerciais afetam setores econômicos inteiros, penalizando empresários e trabalhadores; e sanções de caráter pessoal visam achacar e acuar juízes e outras autoridades, tentando demovê-los da atuação firme contra o autoritarismo”, alertou o ministro.

O decano discursou em um evento em Roma, na Itália. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o perito Eduardo Tagliaferro estão no país. O STF determinou a extradição de ambos em meio a ataques que dirigem ao tribunal e especialmente ao ministro Alexandre de Moraes. Zambelli foi condenada no Brasil e precisa cumprir pena. Tagliaferro, que é ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é investigado por suspeita de vazar mensagens de auxiliares de Moraes para tentar comprometê-lo.

Gilmar Mendes defendeu que Brasil e Itália são países com “tradição e compromisso democráticos”, que “dialogam e unem forças em prol da conservação” do estado de direito, e que a aliança é “muito necessária” para fazer frente a “complexas redes internacionais” criadas por “inimigos da democracia”.

“Nesta era das redes, nenhum país pode enfrentar sozinho os desafios da desinformação, da polarização, da intolerância e das novas formas de autoritarismo”, defendeu o ministro. “A luta pela democracia é universal.”

Rayssa Motta
Estadão

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