A Polícia Judiciária Civil registrou queda de 2,24% no número de homicídios dolosos no ano de 2013, nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Foram 349 homicídios na Grande Cuiabá no ano de 2013 contra 357 no ano de 2012 e 355 em 2011. A análise dos crimes também aponta que a arma de fogo foi o principal meio empregado e o tráfico de drogas tem ligação com mais da metade dos crimes.
Em Cuiabá, com 202 homicídios, a redução foi de 5,61% em relação ano de 2012 que registrou 214 assassinatos. Foram 186 vítimas do sexo masculino e 16 do feminino. Na Cidade de Várzea Grande foram 136 homens e 10 mulheres. Tanto na Capital quanto na cidade vizinha a droga foi a principal motivação para as mortes, sendo 36% dos homicídios ocorridos em Cuiabá e 29% dos de Várzea Grande, seguidos de rixa 22% e 24% para Cuiabá e Várzea Grande, e vingança 9% e 10%, na mesma ordem. Os crimes passionais somam 9% em Cuiabá e 7% em Várzea Grande. A motivação de 24% dos crimes de Cuiabá e 30% de Várzea Grande ainda estão ainda em apuração.
O delegado titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Silas Tadeu
Caldeira, disse que a Delegacia tem se esforçado para dar resposta à sociedade dos crimes ocorridos, principalmente, levando à Justiça os autores dos homicídios. Mas, segundo Silas, além do trabalho de polícia, é necessário haver conscientização do cidadão em relação a vários fatores, principalmente na questão do desarmamento. “Mesmo que a gente faça uma força-tarefa, a segurança não tem como cobrir 100% dos bairros e a Polícia Militar faz isso muito bem. A gente percebe que quando se satura um bairro a criminalidade migra para outro”, explica o delegado.
Quanto ao meio empregado, a arma de fogo foi usada em 67% dos homicídios de Cuiabá, seguida de 21% com uso de arma branca (faca), 10% com instrumento contundente, 1% fogo e 1% outros. Em Várzea Grande, 77% dos crimes tiveram o emprego da arma de fogo, 18% arma branca, 3% instrumento contundente, 1% asfixia mecânica e 1% outros.
Para o delegado, arma de fogo é o meio mais rápido e por isso está presente na grande maioria dos crimes e a facilidade de acesso é umas das preocupações da segurança pública. “Temos que fortalecer a campanha de desarmamento e a prevenção às drogas nas escolas, nos bairros, junto às famílias. O cidadão tem que ter consciência de que não precisa de uma arma dentro de casa e que a droga está interligada a muitos dos crimes, de forma direita ou indireta”, ressalta Caldeira.
Em Cuiabá, 55 vítimas assassinadas tinham idade entre 35 e 64 anos; 41 na faixa de 18 a 24 anos; 32 entre 25 a 29 anos, e ainda 21 pessoas com 30 e 34 anos. Outras 33 vítimas estão sem idade informada. Adolescentes foram 17 vítimas e crianças 1. Na cidade de Várzea Grande, 41 vítimas tinham 18 e 24 anos; 30 na faixa de 35 e 64 anos; 25 com idades de 25 a 29; 25 na faixa de 30 a 34; uma pessoa acima de 65 anos e 9 adolescentes, entre 12 e 17anos.
A delegada adjunta da DHPP, Anaide Barros, afirma que há muitas vítimas com antecedentes de homicídios, envolvidas com venda e dívidas de drogas e casos onde havia ameaça, envolvendo violência doméstica, que a Polícia não tinha conhecimento e assim não pode agir preventivamente. “O fato das pessoas, das famílias não pedir apoio é um dos motivos do aumento da violência”, analisa a delegada.
A delegada Anaide Barros pondera que há casos também mais complexos, em que não há testemunha e elementos que possibilitem que a inteligência trabalhe, como a vítima que não tem telefone celular, locais sem imagens de câmeras de segurança, local ermo e o fato da família não ter conhecimento dos relacionamentos da vítima, como amigos e conhecidos. “São situações que dificultam a investigação”, afirma.
Bairros e Horários
Na capital, os principais bairros com registro de homicídios foram: Pedra 90 (15 assassinatos), Morada da Serra (11), Centro (9), Alvorada (10),Três Barras (8), Doutor Fábio (7), Parque Nova Esperança (7), Lixeira (5), Bela Vista (5), São João Del Rey (4), Praeirinho (4), Porto (3), Planalto (4), Jardim Vitória (3), Cidade Alta (3). Os crimes ocorreram à noite, com 130 vítimas, sendo 72 na madrugada, e durante o dia 70.
Em Várzea Grande, os homicídios ocorreram nos bairros São Mateus (12), Jardim Eldorado (10), 13 de Setembro (7), Loteamento Ouro Verde (6), Jardim Glória (6), Jardim Primavera (5), Manga (4), Cohab Cristo Rei (4), Jardim Paula I e II (4), Jardim dos Estados (4), Jardim Costa Verde (4), Souza Lima (3), Construmat (3), Cohab Santa Isabel (3), Passagem da Conceição (3).
Quanto ao horário, 98 vítimas foram mortas à noite, sendo 56 na madrugada. Pela manhã e à tarde ocorreram 49 assassinatos.
LUCIENE OLIVEIRA
Assessoria/PJC-MT