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A oportunidade “de ouro” para o agro

A pergunta essencial é como incentivar produtores a adotarem práticas sustentáveis

O mercado de carbono é uma oportunidade de ouro para o agronegócio brasileiro, segundo o que acredita Filipe Dutra Nunes, Diretor de Business Development Latam da Indigo Ag. “Falar sobre “mercado de carbono” no contexto da agricultura é algo recente, mas que veio para ficar e já vem mudando, aos poucos, a forma como o setor opera”, comenta.

A agricultura é uma atividade humana antiga e fundamental, crucial para a nossa sobrevivência e desenvolvimento. Desde a sua criação, possibilitou um grande aumento populacional, de cerca de 0,5 milhão de pessoas em 50.000 a.C. para quase 8 bilhões em 2024. Além de alimentar e vestir a população, a agricultura ocupa 46% da superfície terrestre habitável e emprega 930 milhões de pessoas. 

O impacto ambiental do setor é significativo: 70% da água doce usada globalmente é destinada à agricultura. Além disso, 94% da biomassa de mamíferos não-humanos é composta por gado, cerca de 15 vezes maior que a de animais selvagens. A produção de alimentos contribui com 20% a 25% das emissões globais de gases de efeito estufa, sendo o quarto maior setor em emissões, depois de eletricidade e aquecimento, transporte, e indústria & construção.

“Mas a agricultura tem um trunfo, algo que diferencia o setor e é uma alavanca poderosa na agenda de sustentabilidade. O setor pode ser um “capturador/removedor de carbono”. Fotossíntese é uma tecnologia natural para se capturar CO2 do ar. Dependendo de como o processo produtivo é gerenciado, o setor não só pode diminuir suas emissões atuais de GEE como pode sequestrar carbono no solo”, completa.

A pergunta essencial é como incentivar produtores a adotarem práticas sustentáveis, reduzindo emissões de GEE e sequestrando carbono no solo. Dado que o combate às mudanças climáticas é um interesse coletivo, é crucial compartilhar o risco de transição com outros atores. Programas governamentais como o ABC+ e linhas de financiamento específicas para agricultura sustentável/regenerativa são importantes, mas insuficientes por si sós para resolver o problema.

“Práticas sustentáveis reduzem emissões e capturam carbono no solo. Produtores adotam essas práticas incentivados pelos benefícios para o solo, pelo orgulho de contribuírem (mais) com o planeta, mas também pela receita adicional. Essa receita adicional vem de duas formas, pelo crédito ou prêmio pagos. Quem paga são atores da cadeia ou empresas de outros setores com uma agenda de sustentabilidade e que querem dividir o risco da transição. Agricultura sustentável é uma alavanca poderosíssima para atacarmos o aquecimento global. Isso já é realidade”, conclui.

Agência da Notícia com Agrolink

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