Seis dos 18 principais polos econômicos de Mato Grosso estão na rota da seca extrema nos próximos meses, segundo a última atualização do Monitor da Seca. A previsão é que os de impactos sejam de curto prazo (até quatro meses) e longo prazo (por mais de 12 meses). Segundo a instituição autora do Mapa da Seca, a seca e o déficit de umidade devem causar impactos sociais, ambientais e econômicos por um longo do tempo.
Áreas de agricultura e pecuária estão no caminho da secura prevista pelos analistas da entidade. O Monitor da Seca passou a incluir análises sobre o clima de Mato Grosso a partir de junho de 2021. O estado fez sua estreia no mapa com previsões de seca extrema para as regiões Centro-Sul e Sudeste, onde estão alguns de seus principais polos econômicos. O restante de Mato Grosso tem previsão de seca ‘fraca’.
Estão sob o risco de seca extrema os municípios de Cuiabá, Cáceres e Tangará da Serra, na região Sul; Rondonópolis, Barra do Garças e Primavera do Leste, na região Sudeste.
O alerta de mais seca para o estado remete a um passado recente de perdas ocasionadas pela estiagem, cujas consequências ainda estão sendo contabilizadas.
“Na perspectiva da agricultura, as condições climáticas irregulares impactaram diretamente no desempenho da produção da safra 20/21. A semeadura e colheita da soja foi prejudicada, o que implicou no atraso da segunda safra de milho e de algodão. Essas duas apresentaram grande redução na produtividade”, avaliam especialistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Para fazer a classificação de severidade da seca iminente, o Monitor utiliza uma escala de 0 a 4 para identificar as áreas conforme a intensidade. As previsões para algumas regiões do estado são pouco favoráveis para o agronegócio.
“Em Mato Grosso, devido às chuvas abaixo da normalidade nos últimos meses, verifica-se condições de secas moderada (S1), grave (S2) e extrema (S3) no Sul e Sudeste. No restante do estado, há predomínio de seca fraca (S0). Os impactos são de curto e longo prazo no Sul, Sudeste e no extremo Nordeste, e de curto prazo nas demais áreas”, descreve o relatório do Monitor da Seca.
A seca extrema está no penúltimo estágio de severidade. Ocorre quando as precipitações ficam abaixo do percentil 5%. Nessas condições, há riscos de grandes perdas de culturas e pastagens, escassez de água generalizada ou restrições hídricas. Abaixo da seca extrema só há a ‘excepcional’, com precipitações abaixo de 2%.
ALERTA DE PREJUÍZOS – Dentre as principais atividades econômicas das regiões que podem sofrer perdas com a seca extrema no Sudoeste de Mato Grosso estão a pecuária (Barra do Garças), a agricultura (Primavera do Leste) e a cana-de-açúcar (Jaciara). Essas três atividades também estão ameaçadas em Rondonópolis, que possui atividade diversificada.
Já os riscos de seca severa no Sul de Mato Grosso sondam a principal atividade econômica do local formado pelo Pantanal: a pecuária extensiva. A região ainda se recupera das queimadas do ano passado, que consumiram o bioma, enfraquecendo pastos e a biodiversidade.
Na parte da região Sul formada pela chamada Baixada Cuiabana, a pecuária também é a principal atividade econômica. Já no Planalto do Parecis o sistema produtivo se diversifica, tendo culturas perenes, cana-de-açúcar e também pecuária.
DADOS TÉCNICOS DA PESQUISA: Para o traçado do mapa do Monitor de Secas de junho de 2021, foram utilizadas as considerações feitas na videoconferência realizada no dia 08/06/2021 por representantes da ANA e das instituições autoras: INEMA-BA, APAC-PE, FUNCEME-CE, IGAM-MG e INCAPER-ES.
Na etapa de validação do mapa, diversas instituições estaduais parceiras contribuíram com dados complementares de suas redes de monitoramento e/ou informações de campo repassadas pelos observadores de impactos locais. Os trabalhos foram coordenados pela equipe da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, Instituição Central do Programa Monitor de Secas.
Estadão Mato Grosso