Titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), o delegado Vitor Hugo Bruzulato apontou que 7 dos 9 suspeitos de roubos a agências mortos em confrontos com a polícia estavam diretamente envolvidos nos assaltos.
Sem revelar a identidade de quais suspeitos mortos agiram diretamente nos roubos, o delegado afirmou que a força-tarefa trabalha ainda com a possibilidade de haver mais dois membros da quadrilha escondidos na mata.
Conforme noticiado pela reportagem, os assaltos ocorreram no dia 4 de junho na cidade de Nova Bandeirantes (1.028 km ao norte de Cuiabá). Na ocasião, os bandidos roubaram simultaneamente uma agência do Sicreedi e uma do Sicoob e fugiram com reféns.
A prática, conforme explicou o delegado, se enquadra na modalidade de crimes do “Novo Cangaço”, que é uma organização criminosa com atuação em diversos estados brasileiros.
“Essa (modalidade) que foi praticada aqui em Nova Bandeirantes foi a que é feita durante o dia, na qual eles invadem a agência em funcionamento para o roubo. Então, eles fazem reféns não só os clientes das instituições como também os funcionários, principalmente os gerentes, para terem acesso aos caixas eletrônicos”, disse.
Características do roubo
Segundo o titular da GCCO, o Novo Cangaço mantém práticas características em suas ações criminosas. O delegado explicou que nesse tipo de crime o grupo é composto por vários bandidos, que usam armamento pesado e, geralmente, fazem reféns para garantir uma fuga segura.
“Eles dominam o território daquele município, efetuando disparos a todo momento para impedir a aproximação das forças de segurança ou até a reação de algum popular. Durante a ação criminosa, eles vão efetuando o terror na cidade”, detalhou Vitor Hugo.
No caso de Nova Bandeirantes, os bandidos fugiram em caminhonetes com reféns e libertaram as vítimas pouco tempo depois. Contudo, durante as ações criminosas, duas pessoas foram baleadas.
Uma variação menos frequente do Novo Cangaço é quando o grupo de criminosos ataca instituições financeiras durante a noite. Conforme apontou o delegado, neste tipo de ação os criminosos utilizam explosivos e também podem levar reféns, caso encontrem vítimas pelo local.
Nesta última ação, os bandidos fugiram para região de mata localizada no município e, conforme dados levantados pela polícia até então, os criminosos organizaram fugas em dias diferentes.
“Neste último caso, eles fugiram para uma região de mata com o objetivo de outras pessoas os resgatarem, tanto é que o primeiro confronto foi nesse sentido. Foi no primeiro resgate, que foi quando deu errado”, apontou.
Confrontos
Até o momento, 14 suspeitos foram identificados, dos quais 9 foram mortos e 5 presos. Contudo, a polícia trabalha com a possibilidade de o número de envolvidos ser ainda maior.
Isso se deve ao fato de que, além do grupo que agiu diretamente no roubo, houve também uma parcela dos criminosos que estava responsável por dar apoio aos comparsas após o crime.
Menos de uma semana após os roubos, no dia 10 de junho, quatro suspeitos fugiram ao avistarem uma barreira policial na cidade e foram mortos durante troca de tiros com o Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Os homens, identificados como Maciel Gomes de Oliveira, 37 anos, Luiz Miguel Melek, 40 anos, Romário Batista de Oliveira, 35 anos, e Waldeir Porto Costa, 28 anos. Na ocasião, foram recuperados R$ 164.731,25 do dinheiro roubado, além de armas, munições e roupas camufladas.
Posteriormente, no dia 21, na cidade vizinha de Nova Monte Verde mais dois suspeitos foram mortos após fugirem de uma barreira policial. Os homens foram identificados como Diego Almeida Costa, 31 anos, e Adailton Santos da Silva, 40 anos. Junto a eles foram encontrados R$ 43.451,75.
Já no dia 22, os policiais retomaram ao local onde ocorreu o confronto e localizaram mais R$ 45.025,00 durante uma varredura.
No dia 23, mais dois homens foram presos por envolvimento com os assaltos na cidade de Nova Monte Verde. Junto a eles foram encontrados R$ 35.251,00. Identificados como Josias Silveira e Ednicio Pereira, os suspeitos foram detidos enquanto negociavam a compra de um carro com dinheiro em espécie. O veículo seria utilizado para fuga.
Três dias depois, dois novos confrontos foram registrados. No primeiro, o suspeito foi morto durante tentativa de fuga. Com o homem os policiais encontraram R$ 4.640 em dinheiro, uma pistola e joias.
Já no segundo confronto, próximo à barreira da cidade de Nova Monte Verde, um veículo tentou ultrapassar o carro da polícia e houve troca de tiros. Durante a ação, Francisco de Assis Cavalcante morreu e um outro homem que estava com ele foi preso.
No mesmo dia, o assaltante, identificado como Franklis Souza de Jesus, foi preso em flagrante em posse de R$ 134 mil, um fuzil calibre 5.56, dezenas de munições, rádio comunicador e um colete balístico.
No dia 28, um novo confronto foi registrado com a morte de mais um suspeito.
Por fim, nesta sexta-feira (9), mais um suspeito foi preso por envolvimento no crime. O homem foi identificado como Salvador Santos Portela, 50 anos, natural de Brejo (MA). Junto a ele foram encontrados R$ 50 mil em espécie.
Khayo Ribeiro/Gazeta Digital